Quando o trem parou de circular pela manhã, a rodovia ficou congestionada, em ambos sentidos.
São Leopoldo – A greve dos trabalhadores da Trensurb, iniciada à meia-noite de ontem, causou transtornos não só aos 170 mil usuários do trem, mas também aos motoristas que circulam diariamente pela BR-116, em ambos os sentidos. É que após as 8h30, quando o metrô parou de circular pela manhã, a rodovia começou a ficar congestionada (especialmente no trecho de Canoas) e só retornou ao ritmo normal depois das 10h30, para voltar a trancar no final do dia. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) estima que o congestionamento chegou a cinco quilômetros por volta das 10 horas. A PRF confirmou aumento de 10% no fluxo entre São Leopoldo e capital e contabilizou 12 acidentes das 17 às 20 horas. Quem precisou optar pelos ônibus também teve de ter paciência.
O chefe do Núcleo de Comunicação da PRF, inspetor Alessandro Castro, disse que a maior preocupação é com o risco de acidentes na BR-116, o que viraria um caos diante do trânsito intenso. “Se a greve continuar, pedimos que as pessoas busquem outras alternativas e evitem andar sozinho no veículo para não lotar a BR-116”, alertou.
Trabalhadores e estudantes que chegaram nas estações da Trensurb após as 8h30 se surpreenderam com as portas fechadas e com os cartazes que alertavam a greve. Muita gente não sabia que os funcionários entrariam em paralisação e que o trem funcionaria com horários delimitados entre 5h30 e 8h30, a cada cinco minutos, e das 17h30 às 20h30. No intervalo destes horários, os únicos meios de transporte coletivo foram os ônibus das empresas Central e Vicasa.
Atrasos
O soldador Ricardo Silveira, 31 anos, chegou à Estação Mathias Velho, em Canoas, às 8h35. Não conseguiu embarcar no trem que o levaria para Porto Alegre, onde trabalha. “Fiquei com cara de palhaço. Não sabia da paralisação”, lamentou. A promotora de vendas Daiane Martins Moreno, 29, também iria de ônibus para Novo Hamburgo. “Imagina o quanto irei atrasar”, comentou. Menos sorte teve um grupo de 30 pessoas que embarcou em um ônibus da Vicasa com destino à capital. Quando o veículo chegou próximo à Estação Mathias Velho estragou, obrigando os passageiros a esperar.
Empresas de ônibus ampliam os horários
As empresas de ônibus Vicasa e Central aumentaram a quantidade de horários para atender à população que ficou sem o trem nos horários em que a Trensurb não estará atendendo durante o período da paralisação dos funcionários. Segundo as duas empresas, não ocorreram transtornos significativos pela manhã, apenas aumentou a quantidade de ligações em busca de informações.
O gerente de planejamento e engenheiro de tráfego da Vicasa, Flávio Caldasso, contou que a empresa disponibilizou 60 horários a mais. A empresa Central, que faz o trajeto Porto Alegre–Novo Hamburgo, teve mais 40 coletivos. Para evitar lotação dos ônibus, os veículos estão passando nas paradas a cada dez minutos. “Mas está tudo sob controle. Os ônibus da Central não estão saindo lotados, só cresceu a quantidade de informações’’, comentou o coordenador operacional Fábio Stapulni. Contatos: (51) 3462-3200 (Vicasa) e 3037-8500 (Central).
Em reunião, Sindimetrô decide manter paralisação
O Sindimetrô se reuniu ontem ao meio-dia para discutir sobre a paralisação da manhã e definir o que será feito nos próximos dias. O presidente Renato Schuster disse que a direção da Trensurb não anunciou nenhuma outra contraproposta à categoria. “Permanece a greve nesta quarta-feira. O trem voltará a atender a partir da 5h30 até as 8h30 de amanhã (hoje)’’, destacou.
Está prevista para hoje uma nova audiência com o Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Os funcionários da Trensurb estão em estado de greve há quase duas semanas. O Sindimetrô pede reajuste de 12,5% nos salários e a empresa oferece 10,5%. Outro impasse é a retirada do acordo coletivo da cláusula que diferencia funcionários novos dos antigos.