Leopoldo Matos de Souza estava aguardando cinco irmãos e um sobrinho que moravam em São Paulo. Mas por volta das 7h30, ficou sabendo, através de um telefonema, que os irmãos morreram no acidente ocorrido na BR-110, na manhã desta segunda-feira (27), quando um trator se desprendeu de um caminhão e bateu de frente com o ônibus da empresa Gontijo, no qual a família viajava. No total, foram 13 pessoas mortas. 10 no local do acidente e três em um hospital. O sobrinho de Leopoldo, Andrews Campos, está entre os 24 feridos.

Segundo Leopoldo, os irmãos programaram a viagem há cerca de 30 dias. Eles moravam em São Paulo há 25 anos e seguiam para a cidade de Banzaê. “Marina Matos, Marisa Matos, Elvira Matos, Maura Matos e Amauri Matos eram meus irmãos. A Marina estava de férias e os outros decidiram vir junto com ela. Tinha uns oito meses que não via meus irmãos”, contou.

O delegado plantonista da delegacia de Alagoinhas, José Guimarães, afirmou que foi constatado, através de perícia, que o trator estava sendo transportado desamarrado. Dessa forma, segundo ele, o motorista do caminhão, Jobson Lucas Marques, 44 anos, que transportava o trator e que está apreendido no posto da Polícia Rodoviária Federal, tem a responsabilidade criminal sobre a situação.

“Ele é um profissional de transportes de cargas, então sabe que não poderia transportar um trator imenso e extremamente pesado sobre um caminhão sem nenhuma amarração. A perícia já constatou que o trator não tinha amarração alguma. Estava solto”, afirmou.

O delegado informou que o motorista tem a responsabilidade direta, de forma dolosa, pois, segundo ele, é um acontecimento previsível, embora não desejado pelo motorista. “Ele assumiu o risco em transportar esse trator solto. Criminalmente quem responde são as pessoas diretamente ligadas à amarração, que não teve, e o motorista do caminhão. A empresa dona da carreta e do trator já seria uma questão civil de indenização”, explicou.

José Guimarães contou que ao chegar ao local do acidente, durante a manhã, encontrou o ônibus totalmente destruído e muitos corpos na pista e no acostamento. Ele recolheu a bagagem das vítimas e levou para a delegacia, para que as famílias retirem posteriormente.

Vinte e quatro feridos foram levados para o hospital Dantas Bian e quatro foram transferidos para o Hospital das Clínicas, em Alagoinhas, que não divulgaram os nomes das vítimas. A metade dos corpos das pessoas que morreram no acidente será trazida para o Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Feira de Santana.

O delegado Jobson Lucas Marques, que é coordenador regional da Polícia Civil de Alagoinhas, ouviu o motorista do caminhão, Jomiçon Lima Santos, que alegou que faz transporte de tratores e é contrato por várias empresas. Desta vez, ele informou que estava a serviço da empresa São Luiz da cidade de Inhambupe na Bahia.

Jomiçon contou que o tratorista colocou o trator de esteira com 35 toneladas no caminhão e que no km 322 da BR 110, o trator deslizou da prancha e colidiu com o ônibus. Ele alegou que a responsabilidade da amarração não é dele e sim da empresa, mas segundo o delegado, a polícia judiciária diz que a responsabilidade é de todos os envolvidos.

“O condutor não poderia transportar o trator sem amarração, colocando em risco a vida das pessoas. Esse caso trata-se de um dolo eventual, quando se tem a intenção de matar, com pena de oito a 20 anos”, informou.

Jamiçon foi preso e autuado em flagrante e vai ficar na carceragem da 2ª Corpim, em Alagoinhas.

Criança de dois anos sai ilesa

Uma criança de dois anos de idade, que viajava junto com a mãe, Ana Paula da Silva, 24 anos, saiu ilesa do acidente. Mãe e filha dormiam no momento da colisão e se assustaram com o impacto da batida.

Segundo Ana Paula a criança ficou muito assustada, chorando, porém não teve nenhum arranhão. Elas conseguiram sair do ônibus com a ajuda de pessoas que passavam pelo local do acidente.

Ana Paula teve ferimentos na perna e no ombro e passa bem. Ela saiu de São Paulo com destino a Paulo Afonso.