Viajar por rodovias em ótimas condições de trafegabilidade também pode representar insegurança. “As empresas têm horário. Se marca às 9, tenho que sair às 4 horas. Se fosse pela 471, eu iria às 7 e corria menos riscos de assalto”, afirma o motorista Jacir Antônio Barbieri, 52 anos. “A fumageira não quer que a gente rode essa hora, mas o que vamos fazer”, complementa o irmão dele, Deuclides José Barbieri, 54.

Para chegar ao destino final, eles transitam por Soledade, Lajeado, Venâncio Aires até Santa Cruz do Sul. É o caminho percorrido por dezenas de caminhoneiros. “Não tem fundamento pararem com uma obra dessas”, reclama Jacir, que faz o transporte de tabaco para o Vale do Rio Pardo há mais de 20 anos. O protesto faz sentido. Se os trabalhos não tivessem sido interrompidos, a distância até Santa Cruz reduziria em 100 quilômetros. “Além disso, gastamos R$ 450,00 com diesel por viagem, sendo que por aqui (471) seria, no máximo, R$ 200,00”, compara.

Deuclides chegou a trafegar uma vez pela estrada inacabada. “Quando estava britado. Hoje não tem como”, adverte. Além da poeira e dos buracos, a rodovia está tomada pelo mato em alguns pontos. Na situação em que se encontra, é quase impossível transitar pelo local. Por causa dos desníveis, o condutor não passa dos 50 quilômetros por hora. A reportagem da Gazeta do Sul fez boa parte do percurso. Em Vale do Sol, o Viaduto Francisco Alves abandonado (foto maior na página ao lado), por exemplo, mostra o descaso com a obra. Diante desse cenário, a única esperança é utilizá-la em bom estado no futuro.