Motoristas e pedestres confirmam estatística de que trecho da Br 262, entre Cariacica e Viana, é um dos mais perigosos das rodovias federais que cortam o Espírito Santo. Um dos pontos críticos fica próximo ao trevo de Jardim América. De acordo com moradores e comerciantes da região, tanto atropelamentos quanto colisões entre veículos são comuns no local.

O empresário Márcio Paoliello diz que, além de presenciar vários acidentes, foi vítima de um atropelamento ocorrido na via. “Eu estava atravessando na faixa de pedestres, o sinal estava fechado para os veículos, mas mesmo assim eu fui atropelado por uma moto. Em consequência, fiquei internado 15 dias e andando de muletas durante 7 meses. Tem uma curva perto do sinal, que atrapalha a visão do motorista, principalmente de quem vem de fora e não conhece direito a estrada. É um ponto muito perigosos mesmo. Só no mês passado eu presenciei dois atropelamentos com mortes aqui”, conclui.

A estudante Joice Amorim Coelho, moradora de Jardim América, afirma que sempre passa por aquele trecho mas acha muito perigoso. “Já vi uns três acidentes por aqui. É muito comum”. O vendedor Luciano Juliane trabalha em frente à rodovia e diz que, do começo do ano até agora, já viu diversos acidentes, muitos deles com mortes. “De janeiro pra cá foram 6 mortes, só que eu vi ou fiquei sabendo depois. E tudo neste mesmo semáforo, em frente ao trevo. Eu acho que poderiam fazer uma passarela aqui, porque os motoristas não respeitam o sinal fechado”.

Segundo o motorista de ônibus, Eutínio Manoel Santiago, da rota em que trabalha, este é o pior lugar. “Todos andam em alta velocidade, colados mesmo, parece que está todo mundo desesperado”, desabafa.

Alguns motoristas também reclamam da atitude dos pedestres. O comerciante Eduardo Emídio Nascimento, por exemplo, afirma que um amigo esteve envolvido em um acidente no local, porque o pedestre estava atravessando a via fora da faixa. “Um amigo meu atropelou uma senhora que estava andando fora da faixa. Como o fluxo de veículos é muito grande no horário de pico, acho que deveriam construir uma passarela e fazer uma campanha para conscientizar as pessoas”.

O estudante Sandro Cordeiro é da mesma opinião. Ele diz que a primeira ação seria uma campanha educativa, tanto para motoristas quanto para pedestres que não respeitam o trânsito. “As pessoas tinham que ser alertadas para não atravessarem fora da faixa de pedestres e os carros para não desrespeitarem a sinalização”, observa.

O vendedor João Renato Nunes Vieira acha que o problema é ainda mais grave no começo do mês, quando aposentados e pensionistas têm que se deslocar até uma agência bancária próxima ao trecho para receber os benefícios. “Os aposentados vêm receber no começo do mês e constantemente são atropelados. Constantemente tem idosos aqui no sinal que são atropelados”.

O coordenador do Departamento Nacional de Infra-Estrutura e Transporte do Espírito Santo, Hélio Bahia, disse que a região que compreende a BR 262 é bem sinalizada e que a solução seria a educação da população no trânsito. “A região que a 206 corta no Espírito Santo é muito populosa, várias comunidades se desenvolveram ao longo da rodovia. Já existe um trabalho de sinalização, mas muitas vezes as leis de trânsito são desobedecidas. Já sabemos de casos de pessoas que passaram a uma velocidade de 140 km em regiões onde a máxima permitida é 70”, salienta.

Os trechos mais perigosos nas rodovias federais que cortam o Espírito Santo estão nas cidades de Linhares, Serra, Cariacica e Viana. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que a BR 262 liderou o número de ocorrências em 2005. No trecho de Cariacica e Viana foram registrados 1.179 acidentes que resultaram em 378 pessoas feridas e 11 mortes.