Se notícias sobre acidentes parecem repetitivas, o mesmo se pode dizer das razões para o cenário.
Como uma história que se repete, o número de acidentes, feridos e mortes nas estradas brasileiras continua sendo destaque, principalmente em períodos especiais, como feriados prolongados e final de ano. No Carnaval deste ano, houve aumento no número de acidentes e de mortes nas estradas que cortam o Paraná. Se as notícias sobre acidentes parecem repetitivas, o mesmo acontece com as razões para esse grave cenário. Os motoristas continuam não respeitando as leis de trânsito. Pior: continuam não respeitando o próximo.

Tudo acontece por causa do mau comportamento de quem está no comando do volante. Esquece que, por trás das estatísticas, existem pessoas. Cada uma com sua história. O coordenador do programa de segurança SOS Estradas, Rodolfo Alberto Rizzotto, classifica o trânsito como a “grande escola da impunidade”. De acordo com ele, a maioria dos motoristas respeita as leis de trânsito. É a minoria que coloca a vida de muitas pessoas em risco. “É uma opção da pessoa não respeitar o código de trânsito. E, quando é punida, ainda quer discutir a lei. Se encontra brechas, questiona na Justiça, podendo até obter indenizações. O sujeito infrator pode receber indenização. Isso é um absurdo”, argumenta.

Muitas pessoas começam a transgredir as leis de trânsito justamente porque a impunidade é grande. Algumas atitudes dos infratores causam desconforto nas pessoas que respeitam a sinalização e dirigem como devem. E essas podem acabar envolvidas em acidentes graves devido à irresponsabilidade de outros condutores. Um dos exemplos clássicos é o de motoristas que “colam” o carro que dirigem na traseira de outro veículo, na tentativa de forçar uma ultrapassagem. Em muitos momentos, o motorista da frente não possui condições de liberar a pista e, sentindo-se pressionado, toma atitudes apenas para se livrar da situação. Isso pode causar a morte de pessoas. E, infelizmente, os verdadeiros culpados pelo acidente não são capazes de reconhecer o erro.

Os equívocos não surgiram há pouco tempo. Os erros cometidos no trânsito são os mesmos de décadas atrás, segundo Diucléia Tartaia, chefe da comunicação social da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Paraná. “Esta é uma questão de educação. E não só de ensinar como funciona o trânsito. É a falta de respeito com as leis, as normas, o próximo”, classifica.

Diucléia revela que quando o limite de velocidade nas estradas era de 80 km/h, os motoristas eram flagrados nos radares com uma velocidade entre 120 e 130 km/h. Depois que o limite passou para 110 km/h, as pessoas continuam aumentando a velocidade na mesma proporção. O principal erro dos motoristas continua sendo o excesso de velocidade. Como não respeitam a sinalização, em muitos pontos da estrada os condutores dirigem com o dobro da velocidade considerada segura. Depois, não sabem – ou não reconhecem – como os acidentes acontecem.

Apesar desse quadro crítico, ainda há uma luz no final do túnel. Rizzotto acredita que é possível diminuir as estatísticas tristes das estradas brasileiras. A primeira medida seria estudar as razões de cada acidente. Os dados precisam ser trabalhados para a determinação de medidas efetivas.