A imprudência ainda é a maior inimiga dos motoristas que enfrentam as estradas. Buracos, trechos mal sinalizados, asfalto sem conservação, falta de capina são problemas que dificultam a viagem, mas os riscos imprimidos por condutores que insistem em abusar da velocidade e desobedecer a legislação ainda são superiores a qualquer outro obstáculo. Na quinta-feira, durante o feriado da Proclamação da República, o Estado de Minas flagrou abusos de ultrapassagens proibidas e desrespeito à sinalização na BR-381, conhecida também como rodovia da morte. Motoristas de caminhões e carros ignoram a sinalização. Estatística da Polícia Rodoviária Federal (PRF) feita este ano mostra que mais da metade dos acidentes com morte registrados em Minas são provocados por falta de atenção (25%), ultrapassagens indevidas (20%) e excesso de velocidade (20%).
O balanço parcial de acidentes nas rodovias federais deste feriadão, por onde circularam cerca de 200 mil veículos, será divulgado hoje. Os trechos mais movimentados foram as saídas da BR-381, no sentido Vitória, e BR-040, rumo ao Rio de Janeiro e Sete Lagoas. O balanço nas estradas estaduais foi de 25 acidentes (13 com vítimas), 31 feridos e uma morte. Os dados são das 19h de quinta-feira. Em comparação ao primeiro dia do feriado de Finados, este está com saldo menos trágico. Entre os dias 1º e 2 de novembro, a PRF registrou 79 acidentes e a Rodoviária Estadual, quatro. O saldo foram seis mortos. Apesar do movimento, oficiais das polícias rodoviária Federal e Estadual registraram fluxo menor de carros se comparado a outros feriados, pois muitas pessoas deixaram de viajar porque não conseguiram prolongar o recesso.
Para fazer a estatística dos acidentes que deixam saldo trágico nas rodovias federais que cortam Minas, as causas são computadas no campo “fatores contribuintes” dos boletins de ocorrência, preenchidos in loco pelos patrulheiros. “Infelizmente, muitos motoristas aproveitam os locais em que não há fiscalização para cometer imprudências. Os condutores não têm paciência para fazer as ultrapassagens nos locais corretos e transitam da maneira que querem, sem obedecer a sinalização. Faltas que podem custar muitas vidas”, afirma o chefe de comunicação institucional da Polícia Rodoviária Federal, inspetor Aristides Júnior.
O tipo mais comum de ocorrência nas estradas federais mineiras é a batida frontal, quando o condutor se impacienta e tenta, precipitadamente, cortar os veículos que vão adiante. Em outros casos, acelera demais, não consegue fazer uma curva e invade a contramão. Fora a imprudência, o crescimento da frota no estado é um ingrediente a mais na carnificina do trânsito. Desde 1999, o número de veículos emplacados pelo Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) aumentou 60%. Quanto mais carros, motos, ônibus e caminhões, maior é a possibilidade de conflitos nas pistas, especialmente em feriados prolongados.