O Brasil gasta por ano R$ 7,7 bilhões com as conseqüências de acidentes envolvendo caminhões de carga. Nas rodovias federais, os acidentes com caminhões são 35% do total; 5% deles, fatais. 82,1% dos acidentes com mortes são em pistas simples, mas, ao contrário do que se pensa, a maioria ocorre com tempo bom e em linha reta. Os dados foram apresentados nesta manhã pela doutora em Engenharia de Transportes Ieda Lima no Sétimo Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas, que prosseguirá à tarde.
Por dia, cerca de 400 motoristas de caminhão são envolvidos em acidentes. Um dos principais motivos é a jornada de trabalho ininterrupta do motorista. A pesquisa mostra que em 15% dos acidentes com caminhões nas rodovias federais os motoristas estavam dirigindo por mais de quatro de horas. Outra pesquisa, feita pela Pancary Logística, mostra que o motorista típico dorme menos de três horas por dia.
O diretor da empresa, Dárcio Centoducato, recomendou que os empresários do setor foquem seus planejamentos na jornada de trabalho, no limite de velocidade e nos trechos de risco das estradas para diminuir os acidentes.
Projeto de lei
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, lembrou que já está pronto para votação em plenário um projeto de lei (PL 2660/96) que limita a quatro horas ininterruptas o tempo de direção do motorista, com descanso de 30 minutos. Dessa forma, o caminhoneiro dirigiria 13 horas por dia e teria 10 horas de descanso.
O presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Fabio Racy, disse que considera escravidão o trabalho de motoristas de caminhão. Na mesma linha, o presidente Federação Interestadual dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens (Fenacam), Diumar Bueno, disse que alguns empresários impõem jornadas excessivas aos caminhoneiros e excesso de peso nas carretas. Os motoristas, disse, têm que aceitar essas condições para poder trabalhar.
Freio ABS
O diretor do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Alfredo Peres da Silva, informou que o órgão discute com a indústria automobilística a obrigatoriedade de uso de freio antitravamento (ABS) nos caminhões, com o objetivo de aumentar a segurança nas estradas.