Em posições opostas no mapa geográfico, dois conjuntos de rodovias que ligam Minas Gerais aos Estados da Bahia e de São Paulo também encontram-se em situações bem divergentes quando o assunto é a qualidade de suas estradas. A constatação é da Pesquisa CNT Rodovias 2010, realizada pela Confederação Nacional dos Transportes.

De um lado está o grupo de vias entre Uberaba, no Triângulo Mineiro, e a capital paulista. Do outro, o caminho entre Curvelo, na região Central do Estado, e a cidade de Ibotirama (BA). Enquanto o primeiro aparece entre os cinco melhores do Brasil, o segundo figura apenas na 100ª colocação do ranking que classificou, por ordem de qualidade, as 109 ligações rodoviárias do país.

Ao percorrer os 562 km das BRs 135 e 122 até a divisa com a Bahia, a reportagem de O TEMPO constatou os problemas que colocam o trecho numa das piores colocações da lista. E as dificuldades não são exclusividade dos motoristas que passam pelas duas estradas. Elas são compartilhadas pelos moradores das cidades cortadas pelas vias, pessoas que se veem permanentemente expostas ao risco de acidentes e à perda de tempo e, até, de dinheiro.

Na BR-135, a boa pavimentação não ameniza a total falta de placas de sinalização e faixas de orientação, por exemplo, ao longo dos cerca de 25 km que ligam as cidades de Joaquim Felício e Buenópolis. No mesmo trecho, há sete pontos de retenção, seis deles causados por reformas em pontes.

Perigo. Ao passar pela cidade de Montes Claros e entrar na BR-122, já na região Norte do Estado, os problemas persistem e alguns outros se somam ao triste quadro. Os acostamentos são praticamente inexistentes ao longo da estrada e as placas, bastante raras. Além disso, as poucas encontradas estão, muitas vezes, escondidas pela vegetação, que chega a invadir a pista.

Próximo ao município de Janaúba, a reportagem flagrou a dificuldade vivida pelo policial militar Rogério Oliveira, 45, para estacionar o carro quebrado em um local seguro, encontrado 5 km depois. “Prefiro correr o risco de piorar o estrago do que parar no meio da pista e correr o risco de morrer num acidente”, declarou.

Pouco à frente, as irmãs Cléia Márcia Nunes, 23, e Neiliane Nunes, 16, se arriscavam andando pela pista sem acostamento. Elas moram na Vila Colonização e andam, diariamente, cerca de 1 km até o ponto do ônibus que as leva até o centro da cidade. “Os carros passam muito perto, só que não tem outro jeito”, lamenta Cléia.

Pesquisa. Para elaborar o ranking nacional, a CNT avaliou três critérios: sinalização, pavimentação das vias e geometria (pista dupla ou simples, acostamentos e faixas adicionais, entre outros).

Triângulo comemora avanços trazidos pelo asfalto duplicado
“A estrada está muito boa. Toda duplicada e bem sinalizada. Passo pela BR-050 de três a quatro vezes por semana e raramente vejo um acidente”, conta o empresário José Renato Grama. Morador de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, ele faz parte de uma minoria que trafega pela única rodovia citada entre as melhores ligações rodoviárias do país, dentre as que cortam Minas Gerais, pela Pesquisa CNT Rodovias 2010.

A BR-050 liga Minas aos Estados vizinhos de São Paulo e Goiás e o trecho entre os km 133 e 207, que liga as cidades de Uberaba a Igarapava (SP), faz parte do conjunto classificado como o quinto melhor do Brasil.

A duplicação e a boa conservação da estrada, administrada pelo Departamento de Infraestrutura e Transporte (Dnit), explicam a boa colocação. Segundo o supervisor da sub-unidade do órgão em Uberaba, Elias Barbosa, 136 dos 207 km da rodovia em Minas têm pistas duplas e acostamentos. A duplicação do restante será concluída em 2012.