São Paulo – Uma jovem de 22 anos morreu neste domingo em uma batida entre um Gol e um Celta em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. É mais um caso a engrossar as estatísticas da violência no trânsito nesta faixa etária. Todos os anos, 400.000 crianças e jovens com idade entre 10 e 25 anos morrem vítimas de acidentes no mundo – no total, 1,2 milhão de pessoas, de todas as faixas etárias, perde a vida nas ruas, avenidas e estradas nos quatro continentes. As informações são da Organização Mundial da Saúde (OMS), que, no final de maio apresentou em Genebra (Suíça) o relatório “Youth and Road Safety” (Juventude e Segurança Viária).
Segundo o estudo, os acidentes lideram o ranking de causas de mortes de adolescentes entre 15 e 19 anos. De 10 a 14 anos e de 20 a 24 anos, as colisões ficam em segundo, perdendo apenas para doenças respiratórias e Aids, respectivamente. Os dados englobam pedestres, passageiros com e sem cinto, motoristas e ciclistas.
Mas se as estatísticas mundiais são alarmantes, as que dizem respeito apenas ao Brasil são ainda mais. Segundo a OMS, o país está hoje entre os seis que mais registram mortes no trânsito. Apesar de nenhuma entidade ou órgão competente nacional possuir dados consolidados sobre o assunto, estima-se que o número de óbitos anuais seja superior a 35.000, e a maioria envolvendo jovens.
– Os jovens correspondem a cerca de 10% da população. Só que na proporção de acidentes fatais, eles são 30% do total. Em nenhuma outra faixa os acidentes matam tanto. É um número assustador – comenta José Montal, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet).
Só para se ter uma idéia, um estudo realizado pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), revelou que, em 2005, ocorreram no país 539.919 acidentes, sendo 26.409 com vítimas fatais, e 513.510 não fatais. Do total de mortos, 8.338 tinham entre 10 e 29 anos, e, entre os feridos, 223.740 estavam nesta faixa etária. Só em São Paulo, o estado com maior índice de colisões, foram registrados 6.091 óbitos (2.179 pessoas com idade entre 10 e 29 anos).
– O automóvel é a grande doença do jovem, especialmente para os do sexo masculino. Esses motoristas têm outra percepção, se acham invulneráveis – observa Montal.
Outra pesquisa, feita em abril deste ano pela Volvo, em parceria com a Perkons, fabricante de equipamentos de fiscalização, a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot) e o Ministério da Saúde, comprova a análise do médico.
O relatório mostra, por exemplo, que 42% dos jovens que dirigem, atualmente, não têm carteira de habilitação. Na faixa entre 16 e 17 anos, 20% declararam que costumam guiar mesmo sem ter idade legal.
Além disso, 21% dos entrevistados já se envolveram em acidentes. As principais causas são: desatenção ou imprudência do motorista (57%), excesso de velocidade (15%) e consumo de bebida alcoólica (9%).