O trânsito no Distrito Federal está matando menos. No mês de julho, 28 pessoas perderam a vida em acidentes. É o menor número registrado no período pelo Departamento de Trânsito do Distrito Federal nos últimos 13 anos. O segundo melhor desempenho ocorreu em julho de 1999, quando 32 pessoas morreram. Os dados são ainda mais significativos quando se leva em conta que hoje o DF tem 1.010.000 veículos, praticamente o dobro da frota de 1999, quando existiam 565 mil veículos registrados.

Para o Detran, a queda nas tragédias se deve a quatro fatores: à Lei Federal nº 11.705/08, a lei seca; ao maior rigor na fiscalização; ao fato de os motoristas estarem mais conscientes; e à ampla divulgação da norma de intolerância à mistura álcool e volante por parte da mídia. “A lei seca veio reforçar o trabalho de fiscalização do Detran e da Polícia Militar. Já tínhamos colocado mais agentes nas ruas e intensificado as operações com bafômetro antes da legislação. A presença dos fiscais, desde então, deixou o motorista mais cauteloso”, avalia o diretor-geral do Detran, Jair Tedeschi.

Os acidentes com morte, como o que ocorreu em Ceilândia Norte há uma semana, também registraram queda nos últimos três meses deste ano. O motoboy Ricardo Sousa da Silva, 26 anos, não resistiu ao impacto entre sua moto e a lateral de um caminhão. Segundo o 8º Batalhão de Polícia Militar, o motorista do veículo maior pegou a contramão da via para fazer um retorno proibido.

Em julho, foram registrados 27 acidentes com morte, contra 35 em junho e 38 em maio de 2008. O número também é menor na comparação entre julho deste ano e o mesmo período de 2007. Para manter os índices em queda a intenção do governo é intensificar ainda mais a fiscalização nas ruas. Tedeschi antecipou que a Polícia Militar ampliará a área de atuação. “Hoje em dia, o Batalhão de Trânsito cobre basicamente o Plano Piloto e a CPRV, as rodovias distritais. Muito em breve, toda unidade operacional da PM terá um núcleo de fiscalização de trânsito. Com isso, teremos um alcance muito maior em todas as regiões administrativas”, afirma.

Concurso
Há três meses à frente da direção do Detran, Jair Tedeschi considera a redução das mortes no trânsito sua maior conquista. Ele avalia que a sociedade tem reconhecido o trabalho desempenhado pelo órgão, que conseguiu reverter a imagem de caos no trânsito. “Assim que as obras na Epia (Estrada Parque Indústria e Abastecimento) e na EPTG (Estrada Parque Taguatinga) forem concluídas, e o Brasília Integrada estiver implantado, o trânsito no DF vai fluir muito melhor”, aposta ele.

O diretor do Detran reconhece que os resultados obtidos são reflexo do empenho dos servidores, apesar de a equipe estar sobrecarregada. Problema que ele espera amenizar nos próximos dias, com o reforço de 100 trabalhadores lotados na Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan). O pedido já está oficializado e falta apenas o presidente da entidade, Rogério Rosso, dar a autorização. Os servidores cedidos pela Codeplan atuariam em atividades administrativas do Detran, como atendimento ao público, despacho de processos e digitação.

“Nossos servidores trabalham sob uma pressão muito grande. O volume de trabalho é imenso e o quadro precisa ser ampliado”, destaca Tedeschi. Ele adianta que o primeiro passo para que isso aconteça será dado no próximo mês. É quando vence o decreto do governador José Roberto Arruda de congelamento dos gastos públicos com pessoal. Com isso, o Detran pretende lançar o edital de concurso para contratação de 25 analistas (salário de R$ 6,8 mil) e 100 auxiliares (remuneração de R$ 3 mil). Em janeiro de 2009, outro edital vai selecionar 100 agentes de trânsito (R$ 6 mil) e 10 assistentes (R$ 4 mil).

Reivindicação
O concurso público faz parte da pauta de reivindicação dos servidores. Mas os 235 cargos que o Detran pretende preencher até o começo de 2009 ficam aquém da necessidade do órgão. “O quadro é de 1,6 mil servidores e temos 734. Mas com o reforço da Codeplan e o preenchimento das 235 vagas por meio de concurso já aliviam bastante a situação”, acredita Tedeschi.

Quanto às outras reivindicações da pauta, só não há consenso entre o GDF e sindicato sobre um item: a incorporação das gratificações ao salário a partir de agosto. O governo admite a negociação apenas em janeiro de 2009, podendo ser antecipada para outubro deste ano, na melhor das possibilidades. Segundo Tedeschi, não há dinheiro previsto no orçamento para o aumento de gastos — na ordem de R$ 500 mil por mês — na folha de pagamento. “Teremos uma reunião amanhã (hoje) cedo com o governador. Se a gente não conseguir reverter essa posição do governo, a greve está mantida para a quarta-feira”, antecipa o presidente do Sindicato dos Servidores do Detran (Sindetran), José Alves Bezerra.

Já está acordado que os trabalhadores do Detran terão aumento de 5% no salário e de 50% no valor do vales-refeição, que passará de R$ 12 para R$ 18, retroativos a julho. O sindicato queria 30% de reajuste salarial e de 100% nos tíquetes. Para receber os 5% a mais, os servidores dependem da aprovação pela Câmara Legislativa de um projeto de lei com o aumento. Os benefícios concedidos à categoria aumentarão as despesas com pessoal de R$ 62 milhões para R$ 63 milhões por ano.