O Departamento de Estradas e Rodagens (DER) pretende mapear e consequentemente remodelar todo o sistema de transporte intermunicipal no Paraná. A esperança dos usuários, principalmente aqueles que utilizam o transporte metropolitano, é que com isso as necessidades de mais linhas e horários sejam revistas. O plano diretor já deveria estar em andamento, o prazo final determinado para todo o país é em dezembro. Mas foi somente após a sinalização do Tribunal de Contas do Estado da possibilidade de multas por descumprir a determinação é que o governo lançou o edital do Plano Diretor do Transporte Coletivo Intermunicipal.

Atualmente, qualquer empresa interessada em abrir uma linha de transporte de passageiros precisa de autorização do DER, porém essa autorização nunca passou por qualquer estudo. Atualmente, segundo o departamento de estatísticas do DER são 45 linhas de ônibus que passam por Campo Mourão.

Com a elaboração do plano, essas linhas de seis empresas diferentes poderão ser revistas. De acordo a assessoria de imprensa do governo do Estado as linhas precisam de readequação. “Para isso é preciso a realização de um estudo multidisciplinar dos traçados para modernizar o serviço. O objetivo do órgão com o edital de licitação é apresentar uma radiografia do transporte coletivo”, ressalta a nota.

O plano a ser contratado envolve estatísticas, estudos econômicos por microrregião, levantamentos demográficos de fluxo de pessoas, análises de infraestrutura e otimização dos traçados das linhas para se calcular as tarifas. A série de trabalhos terá uma duração de 12 meses para apresentar as reais condições de licitar os trajetos.

Um dos principais problemas da região, segundo os usuários do terminal intermunicipal de transporte coletivo, são os ônibus que fazem o trajeto nas cidades da Comcam. Eles reclamam que as linhas são insuficientes para todas as localidades, além disso, os horários também complicam para quem depende da cidade pólo para o trabalho ou consultas médicas.

Esse é o caso da representante comercial, Liliane da Silva Lacerda, 28 anos. Aguardando o ônibus que faz o trajeto Campo Mourão – Peabiru, ela comenta que se o novo plano realmente fizer algo concreto será uma conquista. “Se eles não deixarem isso só no papel e no discurso está bom. Faltam muitos horários para a região, mas para a empresa não interessa abrir mais horários.” Segundo ela, para a cidade de Peabiru, as linhas são suficientes, mas para muitos municípios a reclamação é grande.

Pedidos por mais horários como o da estudante Cristiane Alves Pessoa, 15 anos. Ela mora com os pais em Peabiru, mas tem de vir quase todos os dias para a cidade de Campo Mourão cuidar de um parente doente. “Mas não sou só eu, aqui é o município pólo, da minha família, três pessoas trabalham aqui e dependem desse transporte. No final de semana que diminuem os horários fica sempre lotado. Esse tipo de coisa que precisava ser pensado pelo governo”, completa. Além das linhas será revisto o atendimento.



Plano Diretor

Na prática serão colocados entrevistadores nas rodoviárias para colher amostras estatísticas dos passageiros e os seus destinos para o cálculo de ocupação dos ônibus em todos os horários. Outra etapa é a contagem do tráfego nas rodovias e o tempo de viagem dos ônibus, além de estudar as condições geográficas e de engenharia das rodovias para determinar quais os tipos mais adequados de veículos.

Com base nesses estudos, será apresentado o cenário para saber quais os lotes de linhas que serão licitados, equilibrando as linhas mais lucrativas com as deficitárias e garantindo o funcionamento do sistema.

O diretor-geral do DER, Milton Podolak Junior, destacou que o estudo é complexo e apenas licitar as linhas nos modelos praticados há 40 anos não atenderia o que determina a legislação. “A realidade de hoje é outra. O modelo em prática está defasado. É eficaz e eficiente fazer um estudo econômico e estatístico para direcionar as linhas do transporte coletivo intermunicipal, com entrevistas reais em pontos estratégicos para que o DER tenha um gerenciamento sobre as dificuldades enfrentadas pelos usuários”, disse Podolak.