Acidente que matou Brunielly, de 17 anos, e o namorado dela, Kevin dos Santos, de 23 anos, foi há um ano; acusados respondem pelo crime em liberdade
Minha vida hoje está sendo de tristeza, choro e, às vezes, a saudade doí demais. O que me deixa mais triste é ver que os culpados se encontram livres e impunes. E uma pergunta que me faço é: se fosse eu, uma faxineira pobre, estaria livre?”.
O questionamento é de Jucélia Nascimento, mãe da adolescente Brunielly Oliveira. A filha dela morreu há um ano, em um acidente na Terceira Ponte, que liga os municípios de Vitória e Vila Velha.
A moto em que a filha estava com o namorado, Kelvin dos Santos, de 23 anos, foi atingida por dois carros que apostavam racha. O casal morreu no local.
Quem dirigia os veículos que atingiram e mataram o casal eram o advogado Ivomar Gomes Júnior e o estudante de Engenharia Oswaldo Venturini Neto.
O inquérito concluiu que eles estavam sob efeito de álcool e a mais de 150 km/h no momento do atropelamento. Eles foram indiciados por duplo homicídio, presos e agora respondem em liberdade.
“A única coisa que eu peço é que justiça seja feita e que os culpados sejam punidos para que a gente tenha um pouco de tranquilidade e paz. A minha filha, eu nunca mais vou ver. Nunca mais”, lamentou Jucélia.
A família de Kelvin também cobra justiça pelas mortes. A irmã dele, Maria Clara dos Santos, contou que o pai chora todos os dias. “Nossa vida tem sido muito triste. Os assassinos estão soltos, nada foi feito. A gente só quer que a justiça seja feita”.
O advogado Ivomar e o estudante Owswaldo foram soltos após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em setembro do ano passado. Procurados sobre o caso, os advogados de defesa disseram que os acusados estão à disposição da Justiça.
O advogado de Oswaldo, Ludgero Liberato, disse que o estudante está à disposição da Justiça e destacou que o STJ entendeu que a autuação por homicídio qualificado foi excessiva. Ele vai responder por homicídio simples.
O advogado de Ivomar, Jorge Brito, informou que a audiência na Justiça foi suspensa, sem nova data prevista. Ele informou que Ivomar está trabalhando e seguindo a vida, enquanto aguarda uma nova audiência.
O racha
Oswaldo e Ivomar foram indiciados pelo duplo homicídio com dolo eventual do casal Kelvin e Brunielli. Após o acidente, eles se recusaram a fazer o teste do bafômetro. Mas a polícia descobriu que eles estiveram em uma boate minutos antes do acidente. A conta do advogado mostra que ele comprou de bebida alcoólica no local.
Caso
A investigação aponta que o motoboy Kelvin Gonçalves dos Santos, de 23 anos, e a namorada dele Brunielli Oliveira, de 17 anos, estavam de moto, na Terceira Ponte, quando foram atingidos primeiro pelo carro dirigido por Ivomar. A batida derrubou o casal da moto e, segundos depois, o veículo dirigido por Oswaldo atropelou novamente a jovem Brunielli
Na audiência de custódia, a Justiça manteve as prisões de Ivomar Gomes Júnior e do estudante de engenharia Oswaldo Venturini Neto. As prisões foram convertidas em preventivas. Em setembro, eles foram soltos por determinação do STJ.
Investigação
O laudo pericial da Polícia Civil sobre o acidente que matou um casal na Terceira Ponte apontou que os acusados estavam a aproximadamente 150 km/h. O documento concluiu que a velocidade dos veículos foi determinante para causar o acidente.
Ivomar e Oswaldo foram autuados por duplo homicídio com dolo eventual e por participar de corrida ou exibição em veículo automotor em via pública.
O laudo também mostrou que a moto onde estavam as vítimas estava com o farol traseiro apagado. Apesar dos acusados terem usado essa informação como defesa, a perícia afirma que esse fator não foi determinante para o acidente.
Fonte: Portal G1