Dos 65 quilômetros de extensão da estrada da serra, apenas 14 foram pavimentados. Destes, não são poucos os que apresentam apenas pedaços de asfalto. No município de Venâncio Aires, no trajeto de 13,6 quilômetros entre a ponte sobre o Arroio Grande e Linha Brasil, somente nove possuem pavimento. Outro pedaço asfaltado está em Boqueirão do Leão. Mas todas as obras na rodovia foram paralisadas em 2002 por falta de recursos, sem previsão de recomeço. A estrada chegou a ser escolhida como prioridade em votações do Processo de Participação Popular (PPP), anteriores ao Governo Yeda. Mas os valores foram extintos.
Os moradores da região reivindicam há 40 anos a pavimentação do trajeto. Protestos e movimentos de interrupção de trechos foram realizados diversas vezes, na tentativa de chamar a atenção do Estado para o problema. O que escutam são promessas de governantes, até agora não cumpridas. Segundo o prefeito de Boqueirão do Leão, João Davi Goergen (PT), não é vantagem para o governo investir milhões em uma rodovia que liga apenas dois municípios. No entanto, lamenta a situação de sua cidade, que sofre com o escoamento da produção.
Para o coordenador da Comissão Pró-Asfalto na RS-422, Gerson Ruppenthal, a solução para a pavimentação completa dos 13,6 quilômetros na saída de Venâncio é a parceria entre o Estado e o município. “Estamos cansados de lutar, cansados de não sermos atendidos lá no Daer”, reclama. “Em conversa com o prefeito Airton Artus (PDT) e com o vice Giovane Wickert (PT), sugerimos a parceria. O município entraria com as jazidas e maquinários e o Estado com o projeto, engenheiros e material”, afirma ele, esperançoso.
Condições ameaçam o escoamento do tabaco
O prefeito de Boqueirão do Leão, João Davi Goergen, também presidente da Comissão dos Municípios Sem Asfalto, demonstrou sua revolta com o estado da RS-422 na última reunião da Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp), dia 13, em Santa Cruz do Sul. Disse que o trecho entre o seu município e Venâncio Aires está intransitável. Afirmou que a reivindicação no momento não é pelo asfaltamento, reconhecendo a falta de recursos, mas pela conservação do trecho.
A preocupação aumenta ainda mais neste período com o início do escoamento da safra de tabaco. Conforme Goergen, Boqueirão do Leão é responsável pela colheita de 8 mil toneladas por ano, constituido-se no 15º maior produtor do Brasil. E praticamente todo o escoamento ocorre pela chamada estrada da serra.
O prefeito lembrou que na última vez que o Daer fez obras de melhorias na estrada, foi necessário colocar máquinas da Prefeitura para retirar material que prejudicava o trânsito e, na primeira chuva, socorrer os motoristas. Observa que o Daer terceiriza os serviços para empresas que não conhecem o trecho. Goergen propõe que o Estado repasse recursos aos municípios para a realização da manutenção da rodovia.
GARANTIA
Goergen, no entanto, recebeu boas-novas na tarde de quinta-feira. O diretor de Administração e Planejamento do Daer, Ricardo Guimarães Moura, visitou o município e arredores e deu garantias para o início da pavimentação asfáltica em parte do trecho entre Boqueirão do Leão e a localidade de Sete Léguas. Os recursos de R$ 2,37 milhões previstos no orçamento do Estado para este ano cobrirão quatro quilômetros daquele trajeto.
O prefeito explicou a preferência pela localidade. “O local já está preparado para receber as camadas de asfalto. A base está pronta, o que reduz os custos de investimento da autarquia.” Segundo o diretor do Daer, os trabalhos devem começar em março e serão executados pela Construtora Giovanella.
A oportuna visita do dirigente resultou em outro comprometimento. Goergen sugeriu que o Daer, quando disponibilizar de recursos para a reconstrução do pontilhão que dá acesso do Centro da cidade ao Bairro Vila Nova e a Venâncio Aires, repasse-os para o município executá-los. Ele acredita que a medida agilizará o trabalho. Segundo o prefeito, Guimarães mostrou-se satisfeito com a proposta e se comprometeu em estudar o caso.
Goergen disse que batalha há quatro anos para obter melhorias no pontilhão. Afirma que há o risco da passagem ficar inviabilizada e, em consequência, o trânsito pela estrada até Venâncio.