A violência nas estradas federais que cortam Minas Gerais está provocando uma média diária de 53,1 acidentes em 2007. Foram 5.157 batidas, atropelamentos e saídas de pista entre 1º de janeiro e o último sábado, resultando na morte de pelo menos 235 pessoas (2,4/dia), sendo nove nos primeiros três dias da semana santa, três a mais que as primeiras 72 horas do mesmo feriado em 2006. E o número de vítimas pode aumentar, pois a Polícia Rodoviária Federal (PRF) ainda não fechou o balanço de domingo. A PRF também não registra como óbito as pessoas socorridas que vêm a falecer nos hospitais ou ambulâncias. Pelo menos 131 motoristas, passageiros e pedestres ficaram feridos entre quinta-feira e sábado. Desde o início do ano foram 2.976 (30,6/dia).

A média diária não leva em conta a gravidade dos sinistros, mas o saldo serve de alerta para autoridades e motoristas. O índice de 53,1 acidentes/dia em 2007 é maior que o registrado no mesmo intervalo de 2006 (46,1), mas é preciso observar que a semana santa do ano passado foi comemorada depois, entre 10 e 16 de abril, quando 12 pessoas perderam a vida. As tristes estatísticas registradas depois de cada feriado prolongado levam especialistas a reforçarem a tese de que os acidentes nas rodovias devem ser tratados como caso de saúde pública. No Brasil, de janeiro até o último sábado, foram 31.068 acidentes (317/dia) na malha da União, provocando 1.631 mortes (16,8/dia). O número de feridos chega a 19.132 (197/dia).

“As evidências indicam necessidade de serviços de atendimento pré-hospitalar ao longo das vias, pois é primordial na manutenção da vida. São as pessoas que estão sofrendo os impactos dos acidentes de trânsito. É para a preservação da vida e da saúde, física e mental, das pessoas que o setor público deve atuar, prioritariamente. Este é um problema de saúde pública”, alerta a pesquisadora Ieda Lima, coordenadora do estudo Impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em dezembro de 2006.

No levantamento, os pesquisadores concluíram que, entre julho de 2004 e junho de 2005, o país perdeu R$ 22 bilhões por ano com os acidentes, o equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de toda a riqueza do Brasil. Foram R$ 6,5 bilhões de prejuízos causados pelas estradas federais, R$ 14,1 bilhões pelas estaduais e R$ 1,4 bilhão pelas municipais. Em Minas, onde o custo total foi de R$ 3,04 bilhões, as vias federais, estaduais e municipais representaram, respectivamente, R$ 1,085 bilhão, R$ 1,875 bilhão e R$ 80,3 milhões.

O grande responsável pela maior parte dos acidentes é o próprio motorista. “A imprudência, com velocidade incompatível para o trecho, ultrapassagens em locais proibidos e falta de atenção, responde pela maioria das tragédias”, alerta o inspetor Aristides Júnior, da PRF. Ele acrescenta que o perigo aumentou depois da recuperação de algumas vias, pois muitos condutores ficam estimulados e pisam fundo no acelerador com a melhor conservação da malha. Nem mesmo a presença de radares inibe os condutores.

Semana santa

A volta para casa depois do feriadão exigiu paciência dos motoristas. Houve engarrafamentos em vários trechos. Na BR-262, sentido Juatuba/BH, a retenção chegou a 23 quilômetros. A PRF atribuiu a lentidão ao grande fluxo de veículos no fim da tarde. Na BR-381, no trevo de Santa Luzia, onde está sendo construída uma trincheira, o congestionamento foi de 10 quilômetros. Na BR-040, próximo a Carandaí, na Região Central, também houve retenção, com o atropelamento de dois ciclistas .

Também houve acidente no Anel Rodoviário, na altura do Bairro São Francisco, na Pampulha. Ânderson Carlos Paiva, de 22 anos, perdeu o controle do Fiat Palio (GWA 8702/BH), depois que um pneu furou, atravessou a mureta de concreto e atravessou a rua marginal, parando depois de bater, violentamente, na viga da passarela.