O acidente que matou dois homens e feriu outros dois na noite de quarta-feira, na rodovia Geraldo de Barros – SP 304, envolvendo um automóvel Citroen e um ônibus com 30 passageiros, evidencia a necessidade da duplicação urgente daquela rodovia, no trecho entre Ártemis e a Estância de São Pedro. A campanha “Duplicação SP-304 – Integração Regional”, liderada pela Gazeta de Piracicaba e Onda Livre, já arrecadou cerca de 38 mil assinaturas em abaixo-assinado que será entregue ao governador José Serra ainda neste mês, solicitando a obra.

A colisão entre os dois veículos aconteceu por volta das 23 horas. O aposentado Clemente Nelson de Moura, de 61 anos, seguia no sentido São Pedro-Piracicaba quando perdeu o controle do veículo e bateu de frente com um ônibus da empresa Expresso Adamantina. A colisão vitimou o engenheiro mecânico Maurici José Pontes, de 61 anos, que foi arremessado para fora do veículo e o ex-presidente do Sindicato dos Contabilistas de Piracicaba (Sincop), Antonio Neves da Silva, de 64 anos. O quarto integrante do veículo, João Paulo Sabino, de 48 anos, foi socorrido no Pronto-Socorro Municipal de São Pedro e transferido para o Hospital Fornecedores de Cana. O motorista do Citroen teve ferimentos leves, enquanto os passageiros do ônibus nada sofreram.

O policial rodoviário Francisco de Assis Filho, presente no plantão da guarda rodoviária próxima ao acidente, afirmou que o trecho em que houve a batida é menos perigoso do que outras curvas da rodovia, com destaque a uma curva fechada localizada poucos metros adiante – no sentido São Pedro-Piracicaba – do local do acidente. “O problema maior é que o movimento por aqui é muito grande e pode ocasionar esse tipo de incidente”, relata. O motorista do carro afirmou no plantão que o acidente aconteceu porque ele teve a visão ofuscada por um terceiro veículo e, depois de sair para o acostamento, ele perdeu o controle ao voltar para a pista.

O ônibus foi recolhido ao pátio da Polícia Rodoviária de São Pedro e o veículo transferido para a concessionária da Citroën de Piracicaba. Os corpos de Neves e Pontes foram enterrados, respectivamente, no Cemitério Parque da Ressurreição e no Cemitério da Saudade, na quinta-feira. O acidente não é o primeiro do ano, informa a Polícia Rodoviária, que realiza levantamento para contabilizar os casos que aconteceram nos quilômetros da rodovia Geraldo de Barros em 2007.

Pesados caminhões e ligeiras motos dividem o cenário com os incontáveis carros que transitam pela malha viária e chegam a balançar o interior dos veículos mais distraídos estacionados à beira da estrada. A qualidade do asfalto não inspira confiança. Inúmeros buracos já foram tampados com as conhecidas “panelas de piche”, duráveis apenas até o próximo temporal. Dentro da condução, as pequenas ondulações na pista e os desníveis entre o asfalto mais antigo e os tampões provocam no motorista a sensação de dirigir um carro sem o controle total. Sob chuva, a sensação piora.

As curvas sempre assustam e a quantidade de veículos impressiona. Um vai-e-vem de cores e diferentes modelos sobre rodas. Não faltam placas de aviso para os condutores se precaverem e poupar os aceleradores nos momentos de trechos mais inclinados. Buzinas podem ser ouvidas para chamar a atenção dos mais imprudentes e marcas de freadas bruscas são observadas em diversos trechos da malha viária. As terceiras faixas de trânsito na rodovia tentam amenizar os riscos, mas carros, caminhões e motos ajudam a aumentar o perigo com ultrapassagens arriscadas.

Acostamento ainda está longe de ser satisfatório. Ao lado das faixas que separam os dois sentidos da malha viária, apenas terra batida, pedras e grama. Se o veículo tentar desviar de algum buraco e sair da pista principal, o risco pode ser maior que o inicial – como o último acidente deixou claro. O desnível entre o término do asfalto e o início da parte natural dificulta uma transição mais brusca da rodovia para o acostamento. Isso sem falar dos barrancos que, em muitos trechos, estreitam ainda mais um espaço que pode ser usado para se trocar um pneu ou consertar um problema mecânico.