Coletivo da Unesul seguia da Capital a Torres. Colisão foi na BR-101, nesta segunda, deixando 23 feridos.

Osório – Segundo o policial do Núcleo de Comunicação Social da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Jorge Nunes, o motorista do ônibus da empresa Unesul que se envolveu em um acidente nesta segunda-feira, na BR-101 em Osório, estaria trafegando acima da velocidade permitida no trecho. “O tacógrafo marcava 80 quilômetros por hora, sendo que a velocidade correta seria de 40”, salienta. Ele lembra que 6h30 era o horário previsto de saída da rodoviária. “É claro que ainda temos que considerar que o ônibus sempre demora uns dez minutos antes de se deslocar. Calculando que levou 1h10 para percorrer 120 quilômetros, dá para se ter uma noção da velocidade que trafegava”, completa.

O coletivo seguia de Porto Alegre para Torres com 44 pessoas e derrapou a parte traseira na pista molhada e foi atingido por um caminhão que seguia em sentido contrário. A colisão aconteceu às 7h50, no quilômetro 83 da rodovia, na localidade de Aguapés. Pelo menos 23 pessoas ficaram feridas e foram conduzidas ao Hospital São Vicente, na cidade. Três delas tiveram ferimentos graves e foram transferidas a hospitais de Porto Alegre e Tramandaí. O restante teve apenas escoriações e cortes leves.

A passageira Marlene Salete de Souza, 58 anos, foi socorrida em estado grave para o São Vicente e posteriormente transferida ao Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre. Quem também teve que ser removido para o mesmo hospital, devido a gravidade das lesões, foi o condutor do caminhão, Jair Monticelli, 30, que viajava sozinho no sentido Torres-Osório.

Susto – A passageira Stela Maris Almansa Dias, 50, viajava com os sobrinhos Rômulo, 5, e Letícia Almansa Klusener, 8, e a prima Hillari Almansa da Rosa Freitas, 9, no fundo do coletivo, nas poltronas 41 e 42. Ela conta que às 7h45 olhou no relógio, pois já estava perto do destino, Capão da Canoa, onde deveria chegar por volta das 8h30. “Em seguida ocorreu o acidente”, relembra. Stela ficou com o rosto inchado e reclamava de dores nas costas e na cabeça.

As crianças tiveram escoriações no rosto e Letícia precisou levar alguns pontos na cabeça. “Foi tudo muito rápido. Quando vi o ônibus tombou para o nosso lado e tudo caiu por cima da gente. Foi horrível. As crianças ficaram desesperadas e não queriam se separar de mim”, recorda. Ela destaca que os passageiros não conseguiram abrir a porta de emergência e que todos tiveram que sair pelo vidro da frente do ônibus, que foi quebrado. O caso será investigado pela Delegacia de Polícia de Osório.

Veículo ficou atravessado na pista

Tiago Zulke, 31 anos, estava na poltrona número 4 e lembra bem dos detalhes do acidente. “Quando chegamos em um trecho da rodovia que estava em reforma, a pista ficou mais estreita. Não sei se o motorista tentou reduzir a velocidade ou se a pista estava muito molhada devido à chuva, mas o ônibus começou a deslizar devagar e já foi tombando, ficando de frente para um barranco e com a traseira na pista. O veículo ficou totalmente atravessado e foi aí que o caminhão bateu”, afirma ele, que não ficou ferido e ajudou a retirar os demais passageiros do coletivo. O passageiro Valter Albino dos Santos, 75, viajava ao lado de Zulke e confirma a versão do acidente. “O ônibus foi virando bem devagarinho até cair”, lembra. Santos, que seguia de Porto Alegre para Capão da Canoa, teve cortes na cabeça, nas costas e nas pernas.

A mãe de Zulke, Carmen Lucia de Vargas Zulke, 55, e a avó, Maria Angélica Chagas Vargas, 80, tiveram ferimentos leves. Os três também ficariam em Capão da Canoa. “Caí no corredor do ônibus e não conseguia levantar”, relata Maria Angélica, que foi retirada do veículo pelo neto e passageiros.

De acordo com a Agência Estado, o encarregado do controle de veículos da Unesul, Salmeron Ramalho, disse que não recebeu informações sobre a velocidade registrada pelo tacógrafo. Ele conversou com o motorista do ônibus, Paulo Pacheco, que não precisou de atendimento médico. O condutor relatou que chovia bastante no momento do acidente. Segundo Ramalho, o motorista realiza habitualmente esta rota e levantou a hipótese de o acidente ter sido causado por água ou óleo sobre a pista. Conforme a empresa, nenhum dos passageiros feridos corria risco de morte.