O Ministério Público Federal (MPF) em Dourados pode pedir o fechamento da MS-162, no trecho que corta a Aldeia Sucury’i, em Maracaju, além de uma indenização em favor dos indígenas daquela localidade, que perderam grande quantidade de terra em função dessa estrada. Ocorre que até o início da última semana os índios viviam em 64 hectares e por força de decisão judicial, numa batalha de quase dez anos, assumiram, no mês passado, o total de 565 hectares.

A preocupação exposta pelos mais de 180 índios que residem no local, durante o ato que garantiu-lhes a entrada nas terras, é com a estrada que agora cortou a aldeia. Os indígenas alegam que ela só servia para os arrendatários da própria área e ressaltam que existem outras vias, inclusive pavimentadas, como é o caso da MS-157, que liga Itaporã e Maracaju, que podem ser utilizadas sem passar por dentro da aldeia.

Eles reclamaram que o tráfego de caminhões é muito intenso, principalmente das grandes carretas que atuam no transporte de cana para as usinas, colocando em risco a vida de crianças e dos próprios adultos. Outro ponto apresentado pelos índios é a perda que estão tendo em termos de área, com a estrada, um espaço que, segundo eles, poderia ser melhor aproveitado.

O procurador Charles Stevan Pessoa já pediu um levantamento para verificar a possibilidade, já que existem outras vias que podem ser utilizadas. Além disso, o procurador já está providenciando o pedido de vistoria, ao Ibama, de toda a área repassada aos indígenas de Sucury’i, com o objetivo de verificar os danos ao meio ambiente, provocados pelos proprietários e arrendatários. O MPF quer um laudo, principalmente sobre a situação do córrego que passa dentro da área.

Charles Stevan destacou que essas terras eram indígenas, comprovadamente, e eles, há vários anos, foram expulsos do local. O procurador quer, com esses levantamentos, detectar os danos causados a partir da expulsão dos índios e pedir que sejam indenizados. Para Charles, na verdade essas pessoas não estariam ganhando essas terras, mas sim retornando a elas, e entende que desta forma devem ser ressarcidos os prejuízos que elas tiveram durante esse período.