O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) decidiu ontem encerrar a marcha rumo à fazenda Coqueiros, em Coqueiros do Sul (315 km de Porto Alegre).
A caminhada começou no dia 14 de setembro e reuniu, em grupos que saíram de diferentes regiões do Estado, cerca de 3.000 sem-terra, segundo estimativa da Brigada Militar. A intenção do movimento era de chegar nos próximos dias à fazenda Coqueiros e realizar um protesto pela desapropriação das terras.
Segundo o MST, a fazenda, de propriedade da família Guerra, não é produtiva, informação contestada pelos donos da área.
Antes de encerrar a caminhada, os sem-terra bloquearam parcialmente dois trechos de rodovias, a RS-142 e a BR-386. Eles pretendiam chegar até a cidade de Carazinho (as duas estradas dão acesso ao município), onde ocorria um ato de entidades sindicais favoráveis à reforma agrária, mas foram impedidos pela polícia.
Há um mês, a Justiça estadual proibiu que os integrantes do movimento entrassem em cinco municípios gaúchos (Carazinho, Chapada, Coqueiros do Sul, Almirante Tamandaré do Sul e Santo Antônio do Planalto), por darem acesso à fazenda Coqueiros.
Depois de 40 minutos de negociação com a Brigada Militar, os sem-terra seguiram por uma estrada de chão batido, desfazendo o bloqueio. Todos estão voltando aos seus assentamentos.
Segundo Mauro Cibuski, da coordenação estadual do MST, o movimento optou pelo fim da marcha porque obteve o compromisso do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de assentar no ano que vem 2.000 famílias sem-terra: 1.000 em abril e outras 1.000 em dezembro de 2008.
No total, há 2.500 famílias no Rio Grande do Sul que ainda não foram assentadas, segundo o MST.
Cibuski afirmou que os sem-terra poderão voltar a protestar, caso o Incra não cumpra o acordo.