O Movimento Sem Terra (MST) bloqueou ontem a BR 101, em Canguaretama, a 100km de Natal, e provocou um engarrafamento de quatro quilômetros entre às 7h e o meio dia. Os mais prejudicados com a ação dos sem-terra foram os caminhoneiros que transportavam cargas para Natal, Fortaleza, Recife e João Pessoa. Como tiveram dificuldade em utilizar um desvio improvisado dentro de canaviais da região, eles ficaram horas na fila sem poder cumprir os horários dos fretes contratados. Os carros pequenos optaram por deixar o asfalto e seguir pela estrada de terra. O bloqueio foi encerrado depois que os líderes do movimento conseguiram uma audiência lá mesmo, no meio da BR, com o superintendente interino do Incra, Vinícius Ferreira de Araújo, e com representantes da Prefeitura de Canguaretama, município onde está situado um dos acampamentos de trabalhadores rurais.
Policiais Militares e da Polícia Rodoviária Federal ficaram o tempo todo perto dos manifestantes, mas não houve confronto. Em alguns momentos a liderança do grupo se prontificou a liberar a passagem de alguns carros, diminuindo a tensão na longa fila de
espera do engarrafamento, e permitindo que ambulâncias e viaturas oficiais seguissem pela estrada. O caminhoneiro Eliel Araújo de Paiva, de Vitória de Santo Antão, em Pernambuco, lamentava o atraso na entrega de tubos de irrigação que estava trazendo para a Usina Estivas, em Arês (RN. “A usina está me esperando desde às 7h”. Os caminhoneiros Antônio José e José Reginaldo, parados com uma enorme carreta na estrada, tinham que estar às 15h em Fortaleza,
para entregar um contêiner a tempo de ser embarcado num navio para a Europa. “Estamos parados aqui desde às 7h, não dá mais tempo. Quando a gente chegar lá o navio tem ido embora”.
