Acompanhando ônibus com produtos contrabandeados, ela ofereceu dinheiro a policiais para liberar o veículo
O que seria uma operação de rotina, acabou se transformando num caso de contrabando e suborno. No início da madrugada de ontem, um ônibus de turismo com placas de Belo Horizonte (Minas Gerais) não respeitou a ordem do Policiamento Rodoviário em Lins, foi perseguido e revistado. O veículo estava abarrotado de produtos do Paraguai que entraram no Brasil sem nota fiscal. Para tentar “salvar” a mercadoria, uma mulher que estava num carro atrás do ônibus tentou corromper os policiais com R$ 8 mil. O caso foi registrado pela Polícia Federal (PF) de Bauru, onde a mulher foi autuada em flagrante por contrabando e corrupção ativa. Os motoristas do ônibus e do carro também foram presos por contrabando. A mercadoria e os veículos estão apreendidos no depósito da Receita Federal.
A história teve início a 0h30 de ontem, quando no quilômetro 444 da rodovia Marechal Rondon, policiais rodoviários da Base de Lins fizeram sinal para um ônibus de turismo parar, uma operação comum visando combater roubo de cargas. No entanto, o motorista não respeitou o pedido e continuou seu trajeto. Por ter desobedecido a sinalização, o veículo foi perseguido por alguns metros e, só assim, o motorista decidiu respeitar a exigência.
Assim que o ônibus estacionou no acostamento da rodovia, um Palio com placas de Cascavel (Paraná) parou logo atrás, e dele saltou uma mulher, Maria Nilza Gonçalves de Almeida. Ela viajava no banco de passageiro, ao lado do motorista do carro, Mauro Alves de Lélis. Antes mesmo da revista do veículo de transporte suspeito, a passageira do automóvel teria se dirigido ao policial perguntando se haveria alguma maneira do ônibus ser liberado.
Desconfiado, o policial, que estava sozinho na viatura, decidiu levar todos à base para fazer revista e tomar as providências necessárias em conjunto com o colega de plantão. Segundo os próprios policiais que fizeram a operação, ao chegar no posto de policiamento, a mulher teria novamente tentado fazer com que o ônibus fosse liberado. Devido à insistência, eles começaram a desconfiar de algo grave e chamaram reforço.
Após isso, eles decidiram entrar no ônibus e fazer a fiscalização. Logo na entrada, verificaram que não havia nenhum passageiro – apenas o motorista, Ronivonn Costa Aguiar-, mas o veículo estava lotado de produtos eletrônicos, brinquedos, cigarros, utensílios domésticos, entre outros.
Mercadorias
A avaliação preliminar era de que as mercadorias totalizariam cerca de R$ 60 mil. De acordo com a Polícia Rodoviária, tudo havia sido comprado no Paraguai, sem nota fiscal e o destino era Belo Horizonte, onde seria comercializado. Após a revista no veículo, os policiais se voltaram para a passageira do Palio. No momento em que eles pediram para vistoriar a bolsa carregada pela mulher, ela teria dito aos policiais que em seu interior haveria dinheiro e que eles poderiam ficar com todo o montante.
“Nesse momento, imediatamente dei voz de prisão por descaminho (transporte de mercadoria sem nota), contrabando e corrupção ativa”, explica cabo Luiz Carlos Ficoto, que desencadeou a operação em companhia do soldado Carlos Eduardo Gonçalves. Os três envolvidos, os dois veículos e todos os produtos que estavam sendo transportados foram encaminhados à Delegacia da PF em Bauru.
Na PF, o delegado Antonio Vaz de Oliveira ratificou a prisão em flagrante. A mulher, que responderá inquérito por corrupção ativa e contrabando, foi encaminhada para o presídio de Pirajuí. Já os dois motoristas – do Palio e do ônibus -, que responderão inquérito por contrabando, foram recolhidos à cadeia de Cabrália Paulista.
Ao delegado, Maria Nilza negou que tivesse oferecido dinheiro aos policiais para que liberassem o ônibus.
Ela disse que as mercadorias transportadas no ônibus pertenceriam a mais de 20 pessoas de Belo Horizonte que haviam ido ao Paraguai, feito à compra e retornado à cidade natal de ônibus de linha. A mulher não esclareceu qual a relação dela com essas pessoas e nem porque estava atrás do ônibus, mas admitiu que pediu aos policiais para que liberassem o veículo.
Crimes
Corrupção ativa
Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. Pena: reclusão de dois a 12 anos e multa
Contrabando e descaminho
Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. Pena: reclusão de um a quatro anos.