Um percurso de cinco horas agora é feito em cerca de 24h, sob muitos riscos, custo alto e dificuldades. Falta retorno do governo federal.

O abastecimento de combustível, alimentos e outros insumos já está comprometido e os materiais, escassos e mais caros para moradores que vivem em municípios cortados pela Transamazônica (BR-230), por conta das condições precárias da estrada. O acesso a outras cidades fica limitado, já que a única empresa de ônibus que faz o trajeto Marabá-Altamira suspendeu o serviço e o Belém-Altamira está sendo feito com menos frequência. Até pessoas doentes que necessitam de atenção especializada ficam sem acesso a centros maiores.

Quem vive nos municípios no entorno da rodovia não sabe mais o que fazer para chamar a atenção do governo federal e reverter a situação de total abandono, especialmente no “inverno amazônico”, quando as chuvas deixam muitos trechos intrafegáveis.

Um deles é o perímetro de 282 quilômetros entre Marabá e Pacajá, por onde os veículos que se arriscam a rodar não sabem quando terminarão o trajeto, tamanha a quantidade e gravidade dos atoleiros, necessitando do reboque de tratores para seguir viagem. O percurso, que geralmente é feito em cinco horas em períodos sem chuva, na estação chuvosa chega a durar o dia inteiro, contando com os tratores, que cobram caro pelo reboque.

Os problemas, atrelados à falta de condições da Transamazônica, vão dos atrasos nas viagens até o isolamento da população que mora na região. “O preço do cimento aumenta, alimentos como verduras, frutas e legumes ficam escassos e até a saída de carga de bois para exportação por Castanhal e Belém fica difícil”, denuncia o prefeito de Pacajá, Edmir José da Silva, presidente da Associação dos Municípios das Rodovias Transamazônica e Santarém/Cuiabá (Amut).

O prefeito Edmir denuncia ainda que as prefeituras estão sendo cobradas a manter serviços de assistência aos veículos na rodovia, que é federal, enquanto que “esse amparo deveria vir do governo federal”, fala o prefeito.

Em resposta à situação da Transamazônica, o coordenador do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) em Marabá, Dílson Gouvêa, disse que ainda não há contrato assinado com nenhuma empresa para fazer a conservação da rodovia, mas que foi solicitada urgência para a contratação do serviço. Quanto ao asfaltamento, Dilson afirma que o trecho entre Itupiranga e Cajazeiras aguarda projeto para ser licitado, e para o trecho entre Repartimento e Arapaú, de 105 quilômetros, só foi liberado o asfaltamento de 20 quilômetros.

TRANSAMAZÔNICA

Com 4 mil km de comprimento, a Transamazônica (BR-230) é a terceira maior rodovia do Brasil, cortando a Paraíba, Ceará, Piauí, Maranhão, Tocantins, Pará e Amazonas. Planejada para integrar o Norte brasileiro com o resto do país, foi inaugurada em 30 de agosto de 1972.

Primeiro de maio será de protesto na BR

A comunidade do município de Itupiranga planeja um manifesto na rodovia Transamazônica (BR-230) no próximo 1º de maio. O movimento está sendo encabeçado pela Prefeitura de Itupiranga, que já adiantou fazer uma manifestação pacífica, sem impedir a passagem dos veículos.

“Nossa intenção é que esta ação tome espaço na mídia nacional, para que as autoridades responsáveis pelo nosso abandono vejam a situação

em que vivemos aqui há cerca de 40 anos. Nós só temos esta rodovia para acessar a cidade e outras vilas da região, o que se torna uma tarefa difícil, principalmente neste período de chuva”, desabafa o prefeito de Itupiranga, Benjamin Tasca (PT).

A manifestação está programada para acontecer à altura do distrito de Cajazeiras e pretende mobilizar toda a comunidade local