Juliana Sant’Ana, 19, foi esmagada após o veículo em que estava, dirigido por motorista alcoolizado, bater em alta velocidade. Maurício Azeredo, 22, entrou em coma e, se tivesse sobrevivido, estaria tetraplégico. A agressividade de cenas chocantes da realidade foi escolhida por jovens e pais de vítimas de acidentes como a melhor forma de conscientizar sobre os perigos do asfalto. Eles vão auxiliar o Detran a criar campanha de educação no trânsito.
Ontem, o grupo teve a primeira reunião. Ano passado, 34.284 pessoas se acidentaram no Rio. Do total, 25,76% tinham entre 16 e 29 anos.
“Tem que mostrar a realidade como ela é e falar: ‘É isso que acontece e se não for prudente. Vai ser vítima ou assassino. E vai ser punido por isso’. O jovem precisa ficar chocado para a ‘ficha cair’. O acidente de trânsito já é a própria propaganda”, defende a universitária Ana Paula Bokel, 22. Seu pai morreu em acidente, em 2001.
MUDANÇA NA PUNIÇÃO
O grupo também sugeriu alteração na punição do motorista, sendo obrigado a acompanhar o socorro do Corpo de Bombeiros e a trabalhar como voluntário em emergências de hospitais públicos e em clínicas de reabilitação. “Não é crueldade. Também não estava preparado para ver meu filho preso às ferragens do carro, porque um bêbado sai dirigindo pela rua”, argumenta o advogado Marcelo Carvalho, 39 anos, pai de Maurício Azeredo, 22, morto quando ia para a faculdade, em 2005.
O Detran vai analisar as propostas para saber o que pode aplicar e o que depende da aprovação de leis — como o sistema de punição. A intenção é investir R$ 20 milhões na campanha. O órgão, no entanto, dispõe de R$ 4 milhões. Para o restante, precisa de parceria com a iniciativa privada. O Detran pretende fazer outras reuniões com jovens.