Radares nas rodovias de Minas Gerais

O veto à instalação de 8 mil radares nas rodovias federais, cuja função é de obrigar o motorista a trafegar na velocidade recomendada, vai de encontro aos apelos do embaixador da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Bloomberg, que indica a necessidade de políticas mais duras, campanhas mais efetivas e melhor sinalização, que podem salvar milhares de vidas em acidentes de trânsito.

Segundo levantamentos de órgãos de trânsito, o excesso de velocidade, embriaguez ao volante e a desobediência à sinalização estão entre os motivos mais comuns para acidentes.

Enquanto, num esforço para reduzir mortes, a OMS sugere que as autoridades brasileiras reduzam o limite de velocidade nas cidades para 50 km/h , velocidade já estabelecida por mais de 90 países no mundo, o Brasil mantém vias urbanas com velocidades que atingem até 90 km/h. Não preciso dizer que nosso índice de acidentes de trânsito é o dobro do da Europa.

Oficialmente o trânsito matou em nosso País, no ano de 2016, cerca de 38 mil pessoas mas a OMS estima que o número mais perto da realidade seja de 41 mil.

Para especialistas a redução de acidentes na União Europeia ocorreu depois que os novos limites de velocidade foram estabelecidos. No planeta, os acidentes de trânsito já são os principais responsáveis pelos óbitos de crianças e jovens entre 5 e 29 anos. Se não forem tomadas medidas drásticas serão responsáveis pela sétima principal causa de morte até 2030.

Novas declarações do Governo sugerem que os redutores de velocidade serão realocados em pontos críticos das rodovias, onde há repetição de acidentes.

Enquanto isso, a 5ª Vara Federal em Brasília proibiu a retirada dos radares de velocidade das rodovias federais de todo o País, assim como determinou que seja realizada a renovação dos contratos do Programa Nacional de Controle Eletrônico de Velocidade. O argumento foi que ‘ não houve implementação de um novo modelo de gestão para a segurança nas rodovias federais’.

A simples retirada dos equipamentos com o intuito de reduzir multas é no mínimo uma atitude criminosa. Necessitamos de mais engenharia de tráfego, policiamento, fiscalização e educação no trânsito.

Atitudes como estas nos mostram o porquê da dificuldade em reduzir mortes em acidentes de trânsito em países mais pobres e com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixo.

Dr. Jack Szymanski – Presidente da Associação Internacional de Medicina de Tráfego