A Ecovias decidiu reformar a pista Norte da Anchieta, e o prejuízo reflete sobretudo no bolso de caminhoneiros autônomos que trafegam constantemente pelo SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes). Em um mês de interdição do trecho de serra, os motoristas contabilizam prejuízo de aproximadamente R$ 400.
Impossibilitados de trafegar pelo trecho de serra, os condutores são obrigados a acrescentar mais de 15 quilômetros no trajeto pela Rodovia dos Imigrantes, entre o Porto de Santos e o Grande ABC. Os trabalhos começaram na primeira semana de abril. Desde então, a Ecovias informou que o volume de caminhões na Imigrantes aumentou 81%. Segundo informou, média de 2.700 veículos pesados circulavam por dia pela Imigrantes, número que subiu para 4.900 após o início das intervenções.
Pela rodovia, o número de veículos leves é maior do que na vizinha Anchieta, como relatam os caminhoneiros. Assim, a subida demanda paciência. Veículos de passeio cruzam constantemente as filas de carretas e caminhões.
As buzinas são constantes. Mas o problema começa mesmo no pé da serra. “Saindo de Santos, a gente tem que fazer uns 15 quilômetros até pegar a Imigrantes. Dali em diante, só marcha lenta”, disse o caminhoneiro Paulo Cosmo Silva, 51 anos. Isso significa que ele tem de desembolsar mais de R$ 10 para pagar o diesel usado nesse desvio. “Por semana, são mais de R$ 50, e no fim do mês o prejuízo é maior, contando outras despesas.”
Antes das viagens, a maioria dos condutores de caminhões costuma abastecer. Colocar 200 litros de diesel é comum, quantia que custa, em média, R$ 430. E o volume de combustível pode aumentar, dependendo do peso da carga. “Se for mais pesada, a gente tem de transportar com velocidade reduzida, e o consumo é maior”, frisou Silva, que prefere esperar no porto até as 16h, horário de liberação para o trânsito na pista em obras da Anchieta.
Outra dificuldade para os caminhões rodarem na Imigrantes é a balança. “Sempre está cheia e a fila não para de crescer. É o pior trecho da rodovia, que fica perto do pé da serra”, explicou o também motorista de veículos pesados João Renato de Souza, 27 anos.
O Setrans (Sindicato das Empresas de Transporte do Grande ABC) sabe da dificuldade causada pelas obras. O vice-presidente da entidade, Tiojium Metolina, porém, disse que as intervenções são por uma boa causa. “Toda paralisação na pista é problemática. Mas tem de haver reformas, senão a via fica com estragos.”
Mas as empresas não estão satisfeitas. “No fim do mês, os atrasos nas entregas somam um período de trabalho. Deveria ter outra alternativa”, criticou o diretor de operações de uma empresa de transportes do Grande ABC, Hélio Marques Ramos.
Filas aumentam perto da balança
Do pé da serra até o topo, o motorista de carro leve deve estar preparado para fazer a costura no trânsito se tiver pressa para chegar na Capital em horários de pico. Já os caminhoneiros vão ter de desviar ao menos 15 quilômetros do Litoral portuário até a Rodovia dos Imigrantes.
Filas de caminhões vão aumentando de tamanho à medida em que se aproximam da balança. “Quem dirige carro de passeio não tem paciência com a lentidão que fica a pista. É muita buzinada”, explicou o caminhoneiro Adriano Fábio, 39 anos e há oito na estrada. “Todas as vezes que a Ecovias vai fazer alguma reforma na pista é sempre nesse período do ano”, continuou.
“O jeito é ficar atento às placas quando chega os meses de maio e junho”, disse o caminhoneiro Valdir de Oliveira, 48. Ele tem 20 anos de direção transportando carga pesada, mas está há apenas quatro meses trafegando pelo SAI. “O problema da interdição é que a gente atrasa por causa do desvio e a lentidão do trânsito”, disse.
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