A Assembléia Legislativa está se preparando para homenagear um dos mais importantes desbravadores das potencialidades econômicas de Mato Grosso das últimas décadas. Empreendedor nato, após manter – de forma positivamente destacada – os nomes do estado e do território brasileiro no cenário mundial, através dos principais noticiários nacionais e internacionais, o empresário Olacyr Francisco de Moraes vai emprestar seu nome para uma extensão de quase 130 quilômetros da rodovia MT-358.
A homenagem está em um projeto de lei do deputado Wagner Ramos (PR) e compreende o distrito de Assari, em Barra do Bugres (169 km de Cuiabá, sudoeste do estado), até Tangará da Serra (242 km, sudoeste) – atravessando o município de Nova Olímpia (207 km, sudoeste), onde ele concentrou a base de algumas de suas principais produções – soja, cana e álcool.
A homenagem também reforça as comemorações pela passagem dos 75 anos do empresário que arrancou expressões de admiração de autoridades e personalidades do mundo dos negócios. “O empreendedor – Sr. Olacyr Francisco Moraes, cidadão tangaraense – promoveu o desenvolvimento do médio norte mato-grossense através do pioneirismo na cultura da cana de açúcar, atualmente predominante e um forte elo da economia regional”, salientou Ramos.
O parlamentar se referiu – entre outros exemplos – à geração de milhares de empregos, a consideráveis investimentos na produção de grãos e à extração e industrialização de calcário. O empresário, que transformou a soja brasileira na mais competitiva do mundo, também atuou na construção pesada, foi dono de um dos cinco maiores conglomerados nacionais, já empregou mais de 25 mil pessoas e foi o mais jovem brasileiro a alcançar um patrimônio pessoal de 1 bilhão de dólares.
O legado do empresário Olacyr de Moraes, do Grupo Itamarati – um dos 30 maiores do país, reuniu – entre outros empreendimentos – a Usina Itamarati, que produz açúcar e álcool a partir de Nova Olímpia; o Banco Itamarati e a Constran, cujas atividades foram perenizadas pelos túneis abertos e pontes construídas pelo país. A construtora chegou a ter 18 mil empregados e um faturamento de milhões de dólares.
Nada disso, no entanto – como ele mesmo sempre demonstrou, não o enche tanto de orgulho quanto a ousadia de ter liderado a abertura de uma nova fronteira para o agrobusiness brasileiro.
Olacyr começou a plantar soja no Centro-Oeste em 1973, depois de uma inundação que devastou as lavouras do Mississipi, nos Estados Unidos. Na Fazenda Itamarati, ele liderou mais de 10 mil pesquisas e cruzamentos genéticos até chegar ao algodão ITA-90. Graças a essa semente, o Brasil deixou de ser importador para se tornar exportador do produto.
Ao todo, ele investiu nada menos do que 1 bilhão de dólares em agroindústria, nas Fazendas Itamarati I e II, e na Usina Itamarati – de açúcar e álcool. “Olacyr foi um visionário destruído por um Estado desonesto”, lamentou o economista, ex-ministro e ex-deputado federal, Delfim Netto. “Ele foi o precursor de tudo de bom que existe no Cerrado brasileiro”, disse o deputado federal Homero Pereira (PR-MT). “Com o seu pioneirismo, ele abriu caminho para o sucesso da agricultura brasileira”, completou Wagner Ramos.
Olacyr de Moraes também foi o idealizador da Brasil Ferrovias – que controla as empresas Ferronorte e Ferroban – e tem participação acionária nela. A Ferronorte é considerada pelo empresário uma ferrovia gigante e projeto de extrema importância para o país. Pelos seus cálculos, ela vai ligar o norte brasileiro aos portos de Sepetiba (Rio de Janeiro) e de Santos (São Paulo) sobre 5,2 mil quilômetros e US$ 5 bilhões em trilhos e dormentes.
“Todo pioneirismo é arriscado. Abre as portas para quem vem depois. Paguei um preço, mas vou legar ao país muita coisa importante na agricultura, no transporte e na pesquisa. Acho que fui mais útil para o Brasil ajudando na agricultura do que sendo mais um banqueiro”, confessou Olacyr Moraes em 2004, se referindo à relação custo-benefício do seu trabalho.
Em 2006, o empreendedor começou a deixar a soja para se dedicar à exploração da Usina Hidrelétrica de Juba, considerada por ele “fundamental” para o desenvolvimento de Mato Grosso, através da energia. Já no mês passado, a empresa Usinas Itamarati S/A e o governo de Mato Grosso do Sul firmaram um Termo de Acordo para instalação de unidade industrial sucroalcooleira em Nova Alvorada do Sul, naquele estado vizinho.
A Usina Itamarati está sediada em Nova Olímpia (MT) e suas principais atividades se concentram na produção de álcool, açúcares cristal e refinado, e energia elétrica – co-gerada da cana-de-açúcar. A empresa de Olacyr de Moraes está inserida no segmento sucroalcooleiro nacional com importantes conquistas, a exemplo do pioneirismo mundial na certificação ISO 9001:2000, pela maior produção individual do Brasil de álcool carburante e de cana moída na safra 2002/03.
Ela emprega 3.800 pessoas a cada safra, sendo 2.500 como mão-de-obra fixa, todos pertencentes a cidades ou distritos da região: Arenápolis, Barra do Bugres, Assari, Progresso, Denise, Nova Olímpia, Nortelândia e Tangará da Serra.