Após cada feriado, o portal Estradas dedica-se à busca de informações atualizadas sobre o balanço de sinistros (acidentes), mortos e feridos, além de outros dados relevantes. No entanto, nos deparamos com desafios recorrentes.
Enquanto a Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulga com agilidade o total de vítimas, sinistros e multas aplicadas – apesar de alguns dados serem passíveis de contestação –, a maioria dos estados não fornece informações completas e vários nenhuma informação.
No recente balanço do feriado de Páscoa, até esta quinta-feira (4), obtivemos informações parciais de apenas nove estados, conforme evidenciado na tabela anexa, onde “NI” significa “Dados Não Informados”. Ressalta-se que Minas Gerais, por exemplo, não divulga o número de feridos – um dado que solicitamos há anos em todos os feriados.
Número de Mortes em Rodovias Estaduais: Uma Contagem Sombria
Contabilizando apenas as rodovias estaduais de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul e Tocantins, reportam-se 73 mortos e 750 feridos – excluindo-se, ainda, dados de feridos de Minas Gerais e Ceará. Isso representa 19 mortes a mais do que as registradas em todas as rodovias federais do país no período da Páscoa.
Faltam dados oficiais de 18 unidades da federação para calcular o total de vítimas fatais em rodovias estaduais. Estima-se que o total geral de mortos, somando-se os dados estaduais e federais, ultrapasse 150 e os feridos, 2.000. No entanto, o destaque do noticiário se concentrou nos 54 mortos em rodovias federais – um número relativamente baixo se comparado a outros feriados.
A Complexidade na Coleta de Dados Estatísticos
A obtenção de números consistentes de sinistros, mortos e feridos nas rodovias estaduais ao longo dos anos é um desafio, com raras exceções. Isso se deve à diversidade nos registros, que são mantidos por diferentes órgãos, como os DETRANs estaduais, os Departamentos de Estradas de Rodagem (DERs) e a Polícia Militar Rodoviária – cada um seguindo metodologias distintas.
O Plano Nacional e a Busca por Dados Confiáveis
Desde a criação do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans) em 2018, que passou por revisões em 2021 e no último ano, um dos objetivos é a padronização das metodologias estatísticas. No entanto, essa padronização ainda não foi implementada.
A cada balanço de feriado, torna-se quase impossível determinar o número exato de sinistros ocorridos e as vítimas resultantes.
“Infelizmente, há muitos planos, reuniões com especialistas, eventos, campanhas e promessas, mas a efetividade é baixa. Temos muitas notícias e poucos fatos. Como explicar a dificuldade em obter dados específicos das rodovias estaduais?“, questiona Rodolfo Rizzotto, do SOS Estradas.
Ele acrescenta que, com base no levantamento do Estradas.com.br, incluindo dados de apenas nove estados, é plausível que a cada balanço de feriado o número de vítimas nas rodovias estaduais mais que dobre em comparação ao total das rodovias federais.
Uma Visão Mais Ampla das Estatísticas de Trânsito
Conforme a tabela demonstra, o número de mortos em rodovias estaduais dos nove estados mencionados atingiu 73 vítimas fatais. Nas rodovias federais de todo o país, foram 54. Sem os dados de 19 unidades da federação, contamos com 127 vítimas fatais e quase 1.600 feridos.
Dessas vítimas, estima-se que cerca de 5% possam falecer nos próximos 30 dias, sem o devido acompanhamento pelas notícias, o que poderia adicionar aproximadamente 80 vítimas fatais ao balanço, elevando o número para 207, faltando ainda dados de 18 unidades da federação.
A Necessidade de Ação e Transparência
Para combater a violência no trânsito e melhorar a segurança nas estradas, é imprescindível que as autoridades sejam mais transparentes e organizadas. Não é aceitável continuar com a restrição de dados, como neste feriado, em que conseguimos apurar informações apenas de 9 unidades da federação, deixando de fora 18.
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