Maior carga, de 556 quilos de cocaína, foi interceptada em maio de 2019; motorista confessou e livrou patrão, preso ontem
A Operação Viagem Santa, deflagrada na sexta-feira (21) pela Polícia Federal e pela Receita Federal em Dourados e Deodápolis, foi o desfecho de longa investigação iniciada ainda em 2018. O caso mostra até que ponto chega a criatividade dos traficantes para conseguir levar carregamentos de drogas da fronteira até os grandes centros do País.
Ônibus de turismo religioso saíram de Mato Grosso do Sul levando cargas milionárias de cocaína para São Paulo. Para despistar a polícia, os veículos viajavam lotados de católicos devotos de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. Os fiéis viajavam com todas as despesas pagas pela quadrilha.
Mas o gasto com hospedagem e alimentação dos passageiros era irrisório perto do lucro que a organização criminosa conseguia com o transporte de droga. Tinha carregamento de cocaína beirando os R$ 20 milhões, como o descoberto por agentes da Polícia Federal e da PRF (Polícia Rodoviária Federal) em 26 de maio de 2019.
O esquema começou a ser investigado em dezembro de 2018 pelo serviço de inteligência da delegacia da PRF (Polícia Rodoviária Federal) em Dourados.
Em abril de 2019, o caso foi levado ao conhecimento da delegacia da Polícia Federal em Dourados. Um mês depois, em 26 de maio, a polícia pegou a primeira carga de droga escondida em ônibus da quadrilha.
O veículo da Prado Tur Viagens e Turismo transportando 28 passageiros foi parado no posto da PRF na BR-163, saída de Dourados para Campo Grande. Durante a vistoria, os policiais encontraram 556 quilos de cocaína pura em fundo falso sob o compartimento superior de passageiros.
Levando em conta o valor do quilo da cocaína pura em São Paulo, em torno de 6 mil dólares, a carga seria entregue na capital paulista por quase R$ 20 milhões. Entretanto, a polícia acredita que o destino final seria a Europa, onde a droga chegaria de navio. Há fortes indícios do envolvimento de facções criminosas no esquema.
Heleno Jordão da Silva, 40, um dos motoristas do ônibus, disse que deixaria os passageiros na basílica de Aparecida e entregaria a cocaína na mesma cidade, para ganhar R$ 10 mil pelo serviço.
Fonte: Campo Grande News