Os ônibus que saem da capital paulista em direção à Baixada Santista serão liberados para circular na faixa da esquerda da rodovia Anchieta –hoje, eles só podem usá-la para ultrapassagens.

A medida, inédita nas estradas do Estado, foi definida nesta segunda-feira e será implantada em até 60 dias, segundo a Artesp (agência reguladora dos transportes).
A mudança foi definida em reunião da agência com associações de usuários de fretados, a concessionária Ecovias, responsável pela estrada, e a Polícia Militar Rodoviária.
A autorização valerá todos os dias das 18h às 20h, apenas para o trecho de serra, entre o km 40 e o km 55 da rodovia.
Os caminhões, que hoje também podem usar a esquerda para ultrapassagens, serão proibidos de sair da direita, sob pena de multa. O valor ainda não foi definido.

Na prática, a mudança fará com que uma das duas faixas da serra seja usada pelos carros e ônibus e a outra pelos caminhões.
De acordo com a Artesp, a medida atende à reivindicação de usuários de fretados e deve beneficiar os cerca de 10 mil passageiros, de 250 ônibus, que usam a Anchieta no fim da tarde.
Atualmente, os ônibus enfrentam lentidão na chegada ao litoral por causa do excesso de caminhões que se dirigem ao porto de Santos.
A expectativa é de melhora de até 30% no tempo de viagem dos ônibus no trecho, segundo a Artesp.
Por outro lado, o tráfego de caminhões, causou recordes de congestionamento no início do ano, deve piorar ainda mais com a medida.
A Ecovias avalia que a proposta, além de trazer benefícios aos usuários de ônibus, também evita impactos para outros grupos de usuários e ajuda a reduzir os riscos de acidentes.

Antes da medida entrar em vigor será necessário aprovar a regulamentação, implantar nova sinalização na estrada, e adaptar a fiscalização. A Ecovias afirma que, após a implantação, haverá período de avaliação por 90 dias.

OPERAÇÃO
Segundo a Artesp, começou a valer hoje um monitoramento para deflagrar a operação descida, com mais faixas operando no sentido litoral, quando houver alguma emergência –como acidentes ou bloqueios.

No sistema, geralmente acionado nos feriados, as duas pistas da Anchieta e uma da Imigrantes ficam exclusivas para descida da serra, e apenas uma da Imigrantes é destina à subida.
A Artesp diz que as mudanças terão efeito no curto prazo. Para a situação melhorar de forma mais significativa, somente com a finalização de obras viárias previstas para 2014.
Entre as obras estão o anel viário de Cubatão, que vai interligar as rodovias Anchieta, Cônego Domênico Rangoni, Imigrantes e Padre Manoel da Nóbrega, e a ampliação da Cônego, com uma terceira faixa em cada sentido entre o km 262,7 e o km 269,2.
Iniciadas em dezembro de 2012 e previstas para outubro de 2014, as intervenções estão orçadas em R$ 328 milhões.

A Artesp diz que a entrega das obras “irá aliviar o tráfego de veículos e reduzir o número de acidentes. Além disso, espera-se criar um ambiente mais favorável para o transporte de mercadorias para o porto de Santos e o desenvolvimento do Polo Petroquímico de Cubatão”.

ESTUDO
Ao anunciar as mudanças, a Ecovias afirmou que estudos atualizados confirmam a necessidade de se manter a proibição dos caminhões e ônibus na descida da serra pela Imigrantes. A medida vigora desde 2002.

“Os novos ensaios, que consideram variáveis como declividade, geometria e distância percorrida, mostraram que as características de ônibus e caminhões que circulam pelo sistema Anchieta-Imigrantes não garantem a segurança da descida pela Imigrantes”, diz a concessionária.

Os estudos foram realizados pela USP São Carlos em 2004 e passaram por atualização em 2012.

“Ao contrário da Anchieta, que tem geometria em curvas, a Imigrantes é uma rodovia que favorece a aceleração involuntária desse tipo de veículo e, por isso, exige utilização do freio de serviço, prática não recomendada pelas normas de segurança. Além disso, os longos túneis reduzem a dissipação do calor, o que aumenta os riscos em casos de acidentes.”