Em uma sessão marcada pela aprovação rápida de 24 aberturas de crédito especial – incluindo duas para o Departamento de Estradas e Rodagens (DER), somando os valores de quase R$ 4 milhões – o DER foi duramente criticado por alguns parlamentares por – segundo eles – ser inoperante e não promover ações de recuperação das rodovias estaduais.

A avalanche de críticas foi iniciada pelo deputado estadual Sérgio Toledo (PMN) que usou a tribuna para cobrar ações de manutenção e recuperação das vias que dão acesso ao Vale da Paraíba.

“Quem anda pelas estradas de Alagoas tem encontrado dificuldades para completar as viagens. O DER não tem feito o seu papel nos últimos meses. O Vale do Paraíba é um exemplo disto. Infelizmente, os prefeitos não têm sido atendidos em suas reivindicações, mesmo propondo parcerias, onde o órgão entraria com o material e as prefeituras com a mão-de-obra. Isto existia no Governo passado, mas neste o que se vê é o abandono completo”, destacou Toledo, ao usar a Tribuna do parlamento.

Sérgio Toledo destacou ainda que – nos últimos dias – diversos parlamentares usaram a Tribuna para solicitar ações do DER em suas bases eleitorais, como foi o caso do deputado João Beltrão – que pediu intervenções do órgão nas rodovias estaduais próximas a Coruripe – e Fernando Toledo (PSDB), que mesmo sendo da bancada governista disse que não está sendo atendido pela administração do Departamento de Estradas e Rodagens, que é dirigido atualmente por Ronaldo Lopes.

“O órgão não quer fazer sequer parcerias, mesmo com o Estado em superávit. Enquanto isto, continuam ocorrendo acidentes e assaltos, por conta das verdadeiras crateras que se encontram nas rodovias alagoanas”, salientou Sérgio Toledo. A deputada Cátia Lisboa Freitas (PMN) também se exaltou ao falar sobre o assunto: “Esta questão da ausência de ações do DER nas estradas alagoanas é séria. Lá no Sertão (base eleitoral da parlamentar) o povo tem me cobrado. Já tem gente perguntando se eu vou para o Sertão de avião, ou se não vejo os buracos”, disse.

A parlamentar salientou que procurou Ronaldo Lopes antes de usar a Tribuna, mas de nada adiantou. “Existe um trecho, conhecido como ‘Maria Bode’, que a situação é caótica. Dá pena ao ver a situação da AL-220, por exemplo. É constrangedor”, colocou.

Defesa

Apesar das críticas, houve deputados que defenderam o DER. O deputado Ricardo Nezinho (PTdoB) destacou que é preciso fazer Justiça. “Existe 1000 quilômetros de malha viária que foram recuperados. Se faça Justiça, pois é claro que há deficiência, mas trabalhos sendo executados, um dos exemplos é o trecho compreendido entre Arapiraca e São Miguel dos Campos”, disse.

O líder do Governo do Estado, Alberto Sextafeira (PSB), também entrou na discussão e destacou que já foram aprovados créditos suplementares para o DER, o que facilitaria os trabalhos a serem desenvolvidos pelo órgão. “Agora teremos investimentos na ordem de mais de R$ 1 milhão em material e de R$ 1,2 milhões na compra de equipamentos, para que se possa com celeridade atender a demanda das regiões. A Assembléia tem colaborado ao aprovar estes recursos. O órgão agora dispõe dele”

A explicação não convenceu Sérgio Toledo que questionou a falta de manutenção constante, mesmo tendo impostos destinados para o fim. “O governado passado tinha dinheiro para fazer estes serviços, porque o atual nunca tem? Será que este dinheiro está faltando mesmo? Será que o governador está preocupado com a situação das estradas? Se o essencial, que é a manutenção não está sendo feito, imaginem os demais projetos”, sentenciou

A deputada Flávia Cavalcante (PMDB) – que integra a base governista – também não poupou o DER de críticas. “Eu me solidarizo com o deputado Sérgio Toledo, pois as estradas que dão acesso à cidade de Matriz de Camaragibe estão tomadas por verdadeiras crateras, aumentando o número de acidentes e assaltos”. Depois do pronunciamento de Cavalcante, Toledo finalizou com uma última frase: “O único que não vê buracos na estrada é o Governo do Estado”.

A discussão foi encerrada no pronunciamento do deputado Paulo Fernando dos Santos, Paulão (PT), que disse que o trecho da BR-101 que corta Alagoas, não havia sido recuperado pela ausência de um projeto do Governo do Estado para o Governo Federal. “Constatamos a ausência do projeto, porque o Governo do Estado estava preocupado – na época – com a briga pelas indicações federais no Denit e a Secretaria de Infra-estrutura discutia a Gautama. Só agora foi entregue o projeto. E vai demorar, pois só de estudo ambiental são quatro meses. Quem perde com isto é Alagoas”, destacou o petista.