Os vários acidentes envolvendo ônibus responsáveis por trajetos intermunicipais fizeram com que diversos passageiros que costumam usar os coletivos para viajar, a trabalho ou passeio, questionassem a eficiência da manutenção e fiscalização por parte dos órgãos responsáveis.
No entanto, segundo as empresas dos coletivos que cobrem a maioria dos municípios do Norte e Noroeste Fluminense, a manutenção é realizada dentro do que é determinado pelos fabricantes. Já o Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Detro) informou que os veículos passam por uma vistoria anual, estabelecida pelo órgão. Além disso, regularmente são realizadas fiscalizações nos terminais rodoviários do estado, a fim de verificar as condições dos ônibus. Caso sejam constatadas irregularidades, a empresa é multada e, dependendo da infração, o ônibus é devolvido à garagem da empresa e poderá voltar a circular somente após uma nova vistoria do Detro, e se for constatado que o problema foi sanado. As fiscalizações do Detro são norteadas pelas reclamações recebidas na ouvidoria do órgão, através do telefone (21) 2332-9535 ou pelo email [email protected].
De acordo com o engenheiro de produção João Vitor Gama Mayerhoffer, 27 anos, que utiliza com frequência o ônibus da Auto Viação 1001, parte dos motoristas estaria percorrendo o trajeto intermunicipal da linha Campos-Macaé em alta velocidade e, muitas vezes, realizando manobras supostamente arriscadas. O engenheiro ainda relatou não confiar na qualidade e segurança dos coletivos ofertados pela empresa.
— Talvez a velocidade em excesso ocorra pela sobrecarga de trabalho a qual os motoristas são submetidos. Pode ser que não haja um quadro de colaboradores que atenda à demanda pelo serviço, e assim muitas viagens devem ser realizadas diariamente pelo mesmo motorista. Acredito também na possibilidade de que os ônibus não passem por uma manutenção preventiva adequada, visto que o interessante para a empresa é que todos os ônibus estejam trafegando e fazendo o maior número possível de viagens — opina João Vitor.
O engenheiro relatou, ainda, que, na sua opinião, é questionável se todos os motoristas são realmente qualificados e responsáveis. Ele afirmou que ultimamente os profissionais não estariam orientando os passageiros para que utilizem o cinto de segurança. “O uso do cinto de segurança é indispensável em toda viagem. Será que esses motoristas são realmente qualificados e realizam constantemente treinamentos e cursos, como o de direção defensiva? Questiono também se os profissionais carregam consigo a responsabilidade ao assumir transportar dezenas de passageiros por viagem. Ainda é necessário muito investimento em manutenção preventiva, qualificação e conscientização”, sugeriu.
No final do mês passado — Um ônibus da 1001 caiu numa ribanceira da estrada Rio-Teresópolis, quando seguia de Itaperuna, no Norte Fluminense, para o Rio, matando 14 pessoas e ferindo mais 15. Relatos de testemunhas apontam que teria havido falha no freio do veículo, que chegou ainda a atingir, sem gravidade, outros dois carros antes de bater contra diversas árvores. A polícia instaurou inquérito para investigar as causas do acidente.
Outra hipótese avaliada é a de que o motorista do ônibus tenha passado mal na condução do veículo. Segundo o tacógrafo recolhido pela perícia, o ônibus estava a 80 km/h quando bateu.
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