Índios da Reserva Indígena Pareci, no sudoeste de Mato Grosso, foram autorizados pela Fundação Nacional do Índio (Funai) a cobrarem pedágio na rodovia pavimentada que corta a região. A tarifa é cobrada na MT-235, que liga os municípios de Campo Novo do Parecis e Sapezal. Atualmente, eles cobram R$ 30 para caminhões, carretas e ônibus, R$ 20 para carros de passeio e R$ 10 para motos.

Os valores são quase os mesmos cobrados pela Ecovias, concessionária que administra as rodovias Anchieta e Imigrantes em São Paulo, que ligam a capital ao litoral. As tarifas da Ecovias são R$ 17,80 para automóveis; R$ 30 para caminhões. Os motociclistas têm vantagem nas estradas paulistas: eles não pagam pedágio. Os valores cobrados pela Ecovias estão entre os mais altos do país.

Uma parte dos motoristas que trafega pela MT-235 reclama do preço estabelecido.

– Na verdade está caro demais. A gente concorda em pagar pedágio, mas o ideal seria um valor mais baixo – diz um motorista.

A Associação Indígena da região informou que há um acordo entre os índios para que o valor da tarifa do pedágio seja reduzido depois que o posto de cobrança ficar pronto. Por enquanto, a cobrança é feita de forma improvisada, no meio da estrada. Uma barraca de lona faz as vezes de posto de pedágio .

Se há gente que reclama do preço, uma parte dos motoristas acha que agora está até levando vantagem. São os caminhoneiros que atravessam a rodovia transportando grãos. Quando a estrada era de terra, eles levavam entre 7 e 8 horas entre Sapezal e Campo Novo do Parecis, e muitas vezes tinham prejuízo, já que os veículos ficavam parados no atoleiro. Agora, são quase 63 quilômetros de rodovia asfaltada e a viagem dura cerca de 1h20m. A pavimentação da estrada era muito aguardada também pelos produtores rurais da região. Para eles, o pedágio também não chega a ser um problema.

– Melhorou demais o asfalto. Era muito complicado para passar pela outra estrada – diz o motorista Moacir Lajes.

Posto de pedágio dos indígenas ainda é improvisado – Reprodução Tv Globo Para os índios, a estrada asfaltada é uma novidade que trouxe benefícios, mas também preocupação. Na reserva vivem aproximadamente 400 índios da tribo Pareci distribuídos em oito aldeias.

– Hoje há maior risco. Tem mais pessoas passando de carro com muita velocidade – reclamou Anésio Zezonezekemo, índio da etnia Pareci.

O lado bom para os indígenas é que toda a arrecadação é convertida em benefícios para a própria comunidade. As associações indígenas atendem um total de 1,7 mil índios parecis em outras reservas indígenas da região. Tudo é feito com acompanhamento da Funai.

– Os recursos são depositados numa conta da Funai, a comunidade apresenta um plano e o dinheiro acaba sendo aplicado na própria comunidade – esclareceu Martins Toledo de Melo, chefe de meio ambiente da Funai.

Por volta de 1997, um acordo entre os índios, a Funai e o Ministério Público permitiu que fosse cobrada uma taxa dos motoristas que atravessam a terra indígena. No acordo firmado com a Funai e o Ibama para a pavimentação do trecho da rodovia, o governo do estado se comprometeu em construir uma guarita e o prazo para que isso seja feito vence em janeiro de 2010.