Quem não lembra das últimas eleições que Roberto Requião (MDB) venceu pro governo? Em relação ao pedágio, uma das frases mais célebres do polêmico político paranaense: “Ou baixa, ou acaba!” Pois o atual senador governou o Paraná dois mandatos seguidos, fora o primeiro, na década de 90, quando o Anel de Integração ainda nem existia, e nenhuma das suas ameaças se confirmou. O pedágio nem baixou, tampouco acabou. Mas agora virou caso de polícia. Melhor: quando é que não foi?

A Operação Integração 2, ligada à Lava Jato, desvendou um grande esquema de favorecimento e corrupção, a partir das brechas deixadas pelos confusos contratos de concessão das rodovias federais que cortam o estado. E levou pra cadeia vários figurões, entre eles Pepe Richa, irmão do ex-governador Beto Richa e ex-secretário de Estado; Luiz Abi, primo do ex-governador e já envolvido em vários outros escândalos; João Chiminazzo Neto, diretor da Associação Brasileira de Concessões Rodoviárias (ABCR); diretores e funcionários de concessionárias de pedágio, do Departamento de Estradas de Rodagem e da Agência Reguladora de Serviços Delegados do Paraná (Agepar).

História

Nossos pedágios não foram bem planejados. Na época, o então governador Jaime Lerner concedeu as estradas a grupos empresariais na modalidade “quem paga mais leva”. Ou seja, em cada lote, venceram as melhores propostas financeiras. Isso resultou, claramente, em tarifas muito mais elevadas. Um assalto.

Mas a grande mancada veio em seguida. Em 1998, precisando se reeleger, Lerner lançou mão de manobra populista e abaixou unilateralmente o valor cobrado no pedágio, violando contratos firmados um ano antes. Isso virou uma grande guerra judicial e os contratos se tornaram uma colcha de retalhos, com inúmeros aditivos. E aí a porteira da corrupção se abriu.

A investigação mostra que o esquema envolve todas as seis concessionárias: Econorte, Ecovia, Ecocataratas, Rodonorte, Viapar e Caminhos do Paraná. As empresas arrecadavam valores a fim de abastecer um núcleo político, responsável por garantir que as decisões aplicadas em alterações contratuais lhes fossem benéficas. Funcionários públicos de várias patentes teriam recebido dinheiro sujo da ABCR.

Se antes apenas o modelo, que resultava em tarifas caras e serviços ruins já justificava mudanças na concessão, que aliás está pra terminar, agora novas práticas são inevitáveis. É imperativo fechar a cancela da corrupção. E que o novo modelo a ser adotado permita tarifas justas e estradas de excelente qualidade.