O excesso de pedágios nas estradas que ligam o norte ao sul do Estado está provocando prejuízos no porto de Rio Grande. O principal reflexo é a diminuição das exportações de cargas em contêineres. Como alternativa ao alto custo do transporte rodoviário, as indústrias, principalmente do norte gaúcho, têm optado pelo porto de Itajaí, em Santa Catarina.

Tabaco, tratores, calçados e carnes congeladas são os principais produtos gaúchos que saem do país pelo porto do Estado vizinho. A Doux, produtora das marcas Lebon e Frangosul, embarca frangos congelados no terminal catarinense. Segundo o gerente corporativo de logística, Osmar Herzer, a prioridade de exportação por Itajaí costumava ser a produção vinda do centro do país. Nos últimos meses, porém, a empresa tem adotado os terminais para exportação de produtos da unidade de Passo Fundo, em especial por causa do menor gasto com pedágios.

O diretor técnico da Superintendência do Porto de Rio Grande, Carlos Rodrigues, reconhece o problema:

– O Estado poderia isentar caminhões que trazem cargas para cá, o que é pouco provável, e a a malha ferroviária local poderia ser adaptada para melhor transportar os contêineres, fugindo assim dos pedágios.

Segundo a assessoria da Secretaria de Infra-Estrutura e Logística, quatro dos cinco pedágios entre Porto Alegre e Rio Grande são concessões federais, de responsabilidade da União. No pedágio estadual, entre Guaíba e Camaquã, não há incentivos em estudo.

O superintendente regional do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT), Marcos Ledermann, diz que o governo deveria ser responsável pela conservação das estradas na sua jurisdição:

– Mas parece pouco provável que o atual modelo seja abolido. Está tudo previsto em contrato. No caso da BR-392, principal via de acesso ao porto, a partir da pressão da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff e do próprio presidente Lula, houve o compromisso formal de não haver aumento da tarifa com a duplicação da rodovia.

Na noite de domingo, não foram localizados representantes da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias do Rio Grande do Sul (ABCR/RS) para comentar o assunto.

Haverá novas praças em Santa Catarina

Sete postos de pedágio nos trechos catarinenses das BRs 116 e 101, previstos para funcionar em 15 de agosto, ainda não começaram a ser construídos, principalmente por razões ligadas a trâmites burocráticos nas licenças ambientais e desapropriações. A previsão é que a cobrança comece em cem dias. Das sete praças, quatro serão na BR-101 (Garuva, Araquari, Porto Belo e Palhoça), e três, na BR-116 (Monte Castelo, Santa Cecília e Correia Pinto). Na BR-116, a tarifa prevista para caminhões é de R$ 5,20. Na BR-101, deve custar R$ 2,20.