
Desde quando começou nas estradas, na década de 80, Trucão diz que muito pouco mudou na vida deles
1 – Há quantos anos você está na estrada da comunicação com dedicação exclusiva a cobertura do transporte de cargas e caminhoneiros?
Eu me formei em jornalismo para falar sobre transportes e o meu primeiro trabalho foi em 1981 em um programa chamado Trucão e os Caminhoneiros do Brasil, pela Radio Difusora Oeste de Osasco.
2 – Qual era a imagem que as pessoas tinham dos caminhoneiros quando você começou e qual a que tem hoje?
Não era muito diferente do que é hoje, tanto que a minha intenção, na época, já era mostrar para a sociedade e para os políticos a importância dos caminhoneiros e do transporte no nosso dia a dia e a relevância desse modal para a economia do pais e, com isso, a necessidade de valorização desses profissionais. Essa relevância não era percebida e pouco mudou, de lá para cá.
Outra coisa, o caminhoneiro mudou muito desde então. Antes, nas estradas, era comum encontrar um motorista de chinelos de dedo, roupas sujas e barba por fazer. Hoje, esse cenário mudou, incluindo a cabeça de muitos profissionais do volante.
3 –A primeira grande paralisação dos caminhoneiros foi em 1999. Passados 20 anos e depois da paralisação de 2018, você acredita que poderemos ter algo semelhante nos próximos três anos do Governo atual?
Não acredito que teremos outra grande parada nos próximos 3 anos. Tanto em 1999 como em 2018, tivemos uma junção de fatores e interesses de vários seguimentos que levaram às mobilizações com aquela envergadura.
Em 2018, por exemplo, a política de reajuste do petróleo atrelada à oscilação do mercado internacional, adotada pela Petrobras, fretes sem nenhum reajuste por um longo tempo e pedágios mais caros, foram condições que afetaram caminhoneiros, transportadoras, postos de combustíveis e produtores rurais, criando uma convergência que propiciou as paralisações . Hoje, não vejo a junção desses fatores e interesses, pelo menos até agora.
4 – Na sua avaliação, a excessiva jornada dos caminhoneiros contribui para os acidentes?
Sim, mesmo com a Lei do Descanso, muitos caminhoneiros, para defender um ganho extra, submetem-se a jornadas malucas, especialmente aqueles que ganham por comissão.

5 – Nos últimos três anos o exame toxicológico de larga janela foi o primeiro controle com relação ao uso de drogas por condutores profissionais. Você acredita que isso ajudou a reduzir o uso de drogas?
Acredito, e muito! Infelizmente, jornadas malucas, impostas por embarcadores e transportadores ou mesmo auto impostas por vários motoristas, levaram muitos profissionais do volante a partirem para as drogas e garantir um ganho maior, o que acabou com a vida de muita gente. O exame toxicológico veio para mudar essa situação e está conseguindo.
6 – O que deve ser feito para melhorar as condições dos profissionais das estradas?
No meu entender, investir mais nesses profissionais, especialmente em cursos de qualificação, valorização e melhorar bem a remuneração. Esses fatores mudariam bem o perfil desses profissionais do trecho.
7 –Quais são as suas três dicas para viajar com segurança nas estradas, independentemente do tipo de veículo?
Primeiro, respeitar as leis de trânsito; depois, usar o bom senso, e, por último, ser tolerante com o erro dos outros motoristas e pedestres.
8 – Você sempre chamou atenção das precárias condições dos locais de espera para carregar e descarregar. Isso está melhorando?
Sempre chamei e continuarei chamando. Poucas empresas se preocupam com isso. Com o aumento da demanda e do número de caminhões e ainda o aumento no tamanho desses caminhões, a situação piorou. Além das empresas (embarcadores, CDs e transportadores), que pouco fizeram para mudar isso, estamos chamando a atenção das Prefeituras que criam bairros industriais sem criar as estruturas necessárias aos caminhões para realizar cargas e descargas.
9 –Quais os bons exemplos e maus exemplos dessas estruturas?
Bons exemplos, quase não existem. Algumas empresas construíram dentro de seus espaços, áreas onde o caminhão e o caminhoneiro podem aguardar carga ou descarga, mas é coisa rara.
Uma boa estrutura tem de oferecer coisas básicas como um local abrigado, banheiros decentes, água, sala de espera para acompanhante, e por aí vai. Agora, se tiver um bom sistema de agendamento, nem precisa de tudo isso porque o que o caminheiro quer mesmo é carregar e descarregar sem perder tempo de outra viagem.

10 – O roubo de carga aumentou muito nas últimas décadas. De que maneira você acredita que é possível combater esse problema?
Acredito que com fiscalização mais rígida e punição severa para quem comete esse tipo de crime, mudaria esse cenário. A fiscalização, aliás, deve abranger, com igual rigor, os receptadores. Outra medida importante é a conscientização da população para não comprar mercadorias que tenham indícios, como preço muito abaixo de mercado, de que é de procedência duvidosa.
11 –Hoje temos veículos com 30 metros circulando nas rodovias. Não está havendo um exagero nessa liberação?
Realmente, são poucas as vias pelo Brasil que comportam esses conjuntos de 9 eixos e 30 metros e acho temerário liberar esses conjuntos em rodovias incompatíveis, do ponto de vista de segurança e trafegabilidade.
12 –Esses gigantes não estão criando uma concorrência desleal, além de aumentar o risco de acidentes?
Não acredito que os 9 eixos sejam uma concorrência desleal, senão, teríamos parado nos tropeiros. Quanto a acidentes, aí sim, não temos boas rodovias para esses grandes conjuntos.
13 –Qual o futuro dos caminhoneiros autônomos brasileiros?
Não digo que vá acabar mas acho que irá diminuir ainda mais. O que vem crescendo e agora creio que muito mais, por conta de incentivo do governo, através do Ministério da Cidadania, são as cooperativas de caminhoneiros autônomos. O Brasil já conta com 140 cooperativas e a frota dos cooperados ultrapassa 40 mil caminhões. Como já foi anunciado pelo Ministro Osmar Terra e a Secretária Rita Passos, a ideia é criar mais 100 cooperativas de caminhoneiros autônomos em locais estratégicos pelo Brasil.
14 –Quando foi que a Paula começou a participar dos programas e revelar seu talento?
A Paula é estradeira há muito tempo. Ela viaja comigo desde criança, sempre me acompanhou nos programas de rádio e alguns trabalhos externos. Hoje é formada em jornalismo e iniciou como repórter há 10 anos.
15 – Quem é melhor repórter, o pai ou a filha?
A Paula foi uma ótima aluna, tanto que já superou o pai. Ela está preparada e trabalhando para o que vem pela frente quando se fala em tecnologia no transporte e no jornalismo.

16 – Qual foi a maior emoção que seus fãs já proporcionaram?
Minha maior emoção é encontrar motoristas ou empresários do meio e receber um aperto de mão ou um abraço verdadeiro e saber que ele esta ali para me cumprimentar pelo que ensinamos ou despertamos nele através do meu trabalho ou o trabalho da nossa equipe.
17 – E o momento mais difícil dessa vida de estradeiro e repórter?
É receber ao longo de um programa de rádio e de um dia de trabalho, a informação que um profissional ficou na estrada por conta de um acidente.
18 -Qual sua mensagem para aqueles que não são caminhoneiros, mas compartilham a estrada com eles?
Para que vejam os profissionais do volante como peça fundamental na cadeia econômica do país. Que vejam esse profissional como alguém que também tem família, como as deles. E sempre que alguém se deparar com um caminhoneiro em situação difícil na via, tente ajudá-lo e não o discriminar. Pode contar, ao agir dessa forma, ganhará um amigo no trecho.
Mídias e redes sociais
Quer saber mais sobre o Pedro Trucão, então visite as redes sociais ou acompanhe os programas dele na rádio Transamérica, de segunda a segunda, das 4h às 6h, e na TV Band, todo domingo, às 10h30.
Programa de TV no Youtube: https://www.youtube.com/programapenaestrada
Canal para tirar dúvidas com bom humor: https://www.youtube.com/trucaoetoco
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Site: https://trucao.com.br/
Sou motorista carreteiro a 32 anos. Nunca na minha vida me envolvi com acidentes roubo ou tráfico de drogas. Mas tenho alguns inimigos que me perseguem que é a opentech e apsul não devo nada para a justiça e eles insistem em bater na mesma tecla que eu devo. Hoje desempregado com 55 anos sem saber o que fazer. Isso para mim é uma grande falta de respeito com o profissional que da profissão para sobreviver. Sinceramente tenho vergonha de dizer que sou um estradeiro. Somente pela falta de respeito. Aguardo alguma resposta. Obrigado