O trecho Sul da rodovia BR-101 parece ter ficado perdido entre buracos e desvios. Enquanto isso, quem amarga com as consequências dos atrasos na duplicação espera uma solução urgente.

Enquanto o Norte de Santa Catarina cresce no ritmo de uma rodovia duplicada, o Sul parece que ficou perdido em um dos buracos ou desvios de obras. A comparação sobre o desempenho da economia é o dado mais expressivo das consequências que os atrasos provocam neste trecho. As taxas de crescimento do Norte crescem, em média, 7% ao ano, mas o Sul ainda amarga o baixo índice de 3%.

“Essa comparação do PIB das duas regiões demonstra que os investimentos estão ocorrendo no trecho duplicado. Ninguém quer se arriscar e investir no Sul. A situação da rodovia assusta os empreendedores e investidores. A duplicação vai ser a redenção do Sul”, avalia o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Alcantaro Corrêa, que anuncia a terceira vistoria no trecho em obras até o fim do ano.

O presidente da Associação Empresarial de Criciúma (Acic), Olvacir de Fontana, também engrossa o coro pela duplicação. Ele relembra a perda de investimento de R$ 110 milhões da empresa Guardiã, fábrica de vidros que em julho de 2002 desistiu de se instalar na região, optando por construir a nova unidade perto de Joinville.

“É muito difícil fazer a conta do prejuízo. Mas a gente sabe que muitas empresas deixaram de vir para cá. O Sul cresce menos porque não tem infraestrutura”, critica o presidente.

Os empresários e representantes dos setores industriais e do comércio não sabem determinar o tamanho do prejuízo que o atraso das obras de duplicação provoca no Sul de Santa Catarina. Nenhum estudo ou pesquisa até hoje foi capaz de apontar o tamanho do rombo. Mas todos conseguem perceber as dificuldades e os gastos diários que a falta de uma rodovia duplicada provoca no desenvolvimento da região.

O industrial da área de cerâmica Delir Milanezi, explica o motivo dos gastos extras. Segundo eles, os constantes congestionamentos e a lenta velocidade dos caminhões fazem o preço do frete ficar até 20% mais caro. “Hoje os nossos clientes de Joinville preferem comprar em São Paulo a vir até Criciúma. Apesar da distância ser maior, o frete é mais barato. Estamos sofrendo muito, e o pior: estamos pagando sozinhos esta conta”, reclama.

O presidente da Federação das Empresas de Transportes de Cargas e Logísticas de Santa Catarina (Fetrancesc), Pedro Lopes, chama a atenção para a falta de balança ao longo da rodovia. Segundo ele, a fiscalização é importante para controlar o excesso de peso e, consequentemente, manter as rodovias em bom estado.