O grave acidente envolvendo um microônibus de transporte clandestino de passageiros e um coletivo da linha 2580 (Belo Horizonte/Eldorado), na manhã de sábado, não conteve a ação dos perueiros e nem intimidou aqueles que preferem arriscar a vida em uma condução totalmente ilegal. Na manhã de segunda-feira, enquanto o corpo de uma das vítimas era velado – o da camareira Zildete Alves Aguiar Silva, de 33, passageira da van (reveja as imagens do acidente) –, era grande a movimentação de peruas deixando ou apanhando passageiros nas imediações do Shopping Popular Oiapoque, no Centro da capital. Na BR-040, sentido Ribeirão das Neves, foram vários os flagrantes de irresponsabilidade, com perueiros dirigindo em alta velocidade ou fazendo manobras perigosas para angariar passageiros no acostamento.

Por volta de meio-dia, uma van de Ribeirão das Neves parou em fila dupla para esperar passageiros em frente ao Shopping Oiapoque, no Centro de BH, deixando o trânsito tumultuado. Em menos de 10 minutos, o carro já estava lotado, com pessoas espremidas até no banco dianteiro, ao lado do motorista. Esse veículo já foi autuado seis vezes por transporte remunerado de passageiros e pelo motorista dirigir com fones nos ouvidos.

Outra perua flagrada em plena atividade ilegal tinha a placa de Campo Belo, na Região Centro-Oeste do estado, e deixava passageiros na Avenida do Contorno, perto da rodoviária. Ao perceber a presença da imprensa, o motorista perseguiu o carro de reportagem do EM, tentando provocar acidente. A van dele tem multas por dirigir sem equipamentos obrigatórios, transporte ilegal de passageiros, parar em fila dupla e fazer conversão em local proibido, totalizando R$ 553,31.

Na manhã de segunda-feira, o funcionário público Edson Ricardo Pena, de 39, ficou surpreso ao ver a porta de uma perua despencar logo depois do desembarque de passageiros na Avenida do Contorno com Rua Tupinambás, no Centro de BH. “O motorista parou adiante e desceu para recolher a porta. A segurança desses veículos é precária e coloca em risco não somente os passageiros, mas também os pedestres. Essa porta poderia ter atingido uma pessoa na rua ou provocado um acidente”, disse Edson.

Os órgãos responsáveis pela fiscalização do transporte clandestino enfrentam dificuldade para manter os veículos irregulares longe das ruas. A BHTrans informa fiscalizar diariamente qualquer tipo de transporte clandestino de passageiros na capital, em parceira com a PM, o que, segundo a empresa, é comprovado pelo número de autuações nos cadastros dos veículos clandestinos.

Responsável pela fiscalização em todas as rodovias estaduais, o DER-MG diz tomar medidas administrativas para combater as irregularidades, além de lavrar autos dos veículos detidos. Segundo o Detran-MG, nem toda multa gera apreensão do veículo e a medida depende de conclusão do processo administrativo aberto para cada irregularidade. Se não houver impedimento, o carro pode continuar rodando, mas, nos casos previstos em lei, a apreensão deve ser feita pela BHTrans, PM ou órgão de trânsito responsável.