Após o engavetamento na Rodovia dos Imigrantes, o comandante das polícias Militar e Rodoviária no Grande ABC, coronel Roberval Ferreira França, afirmou que serão estudadas mudanças no esquema de segurança das rodovias, como a intensificação da operação comboio. Anteontem, 270 veículos se envolveram no acidente, o maior da história do Sistema Anchieta-Imigrantes.
O caminhoneiro Luiz Carlos Prestes, 40 anos, foi a única vítima fatal, enquanto 45 pessoas ficaram feridas. A rodovia permaneceu fechada por quase 22 horas e só foi reaberta por volta das 11h30 de ontem.
Segundo o coronel, representantes das polícias Militar e Rodoviária, Corpo de Bombeiros e Ecovias vão iniciar estudo de caso a fim de traçar novas estratégias de prevenção a acidentes, bem como medir a qualidade e efetividade do sistema de resposta de emergência. “Aquele trecho nunca registrou neblina tão densa quanto a do momento do acidente. A visibilidade estava abaixo de 20 metros, e a neblina baixou rápido, em menos de dez minutos. Soma-se a isso a pista molhada e velocidade imprópria e temos a ocorrência de multifatores.”
Para França, na condição em que se encontrava a estrada, o motorista deveria parar o veículo em área de escape ou acostamento. “Se decidir seguir viagem, a indicação é trafegar a 20 km/h, especialmente se há caminhões na via, que têm tempo de resposta à frenagem maior.” Ao menos 70 dos 270 veículos envolvidos no acidente eram caminhões.
No momento em que ocorreu o engavetamento, havia três operações comboio na descida para o Litoral e um minicomboio na subida. A decisão por implementar a operação é sempre feita em conjunto entre a Ecovias e a Polícia Rodoviária quando a visibilidade é inferior a 100 metros.
O diretor superintendente da concessionária, José Carlos Cassaniga, afirmou que em toda a história da rodovia nunca houve registro de acidentes envolvendo mais de dois veículos no km 41 da Imigrantes. “A Ecovias não faz operação comboio na subida da serra porque não há como fazer contenção de veículos, como é feito no pedágio.”
O minicomboio é realizado sempre no início da subida da serra, quando a viagem é feita com velocidade controlada. “Os carros da Polícia Rodoviária seguem na frente e podem fazer o controle do fluxo, mas isso não pode ser feito no meio da viagem”, explicou o comandante da Polícia Militar.
NEBLINA
O diretor da Ecovias destacou ainda que, nesta época do ano, a incidência de neblina é grande. “Os piores meses são julho e agosto, mas temos notado que, neste ano, setembro também tem apresentado muita neblina.” De janeiro a agosto, a operação comboio foi feita em 24 dias. Durante todo o ano de 2010, foram 37 dias.
Rodovias estão dentro das normas, diz Artesp
A Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo afirmou ontem que acompanha rotineiramente toda a operação das rodovias do Sistema Anchieta-Imigrantes, e que a empresa está dentro das normas exigidas pela legislação.
Segundo a Artesp, não existe hoje nenhum tipo de tecnologia de iluminação que atravesse as espessas nuvens de neblina que ali se formam. A iluminação de solo, feita por faixas refletivas, e as placas de sinalização vertical revestidas por película de alta intensidade, que conferem maior visibilidade, estão em pleno funcionamento e são aprovadas pela agência.
Já o Ministério Público Estadual deve designar nos próximos dias um promotor para cuidar do caso. O responsável deve avaliar as causas do acidente, se poderia ter sido evitado e quem será responsabilizado.
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