RIO – A Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Militar passaram a quarta-feira jogando a responsabilidade uma para a outra pelo policiamento da área onde houve um arrastão praticado por bandidos armados no início da manhã de quarta-feira, na Alameda São Boaventura, em um dos acessos à Ponte Rio-Niterói.

– O assalto não foi na Alameda, onde termina nossa área de policiamento, e sim no elevado de acesso à Ponte, controlado pela PRF – disse o delegado do 12º BPM (Niterói), tenente-coronel Ricardo Pacheco.

Segundo ele, desde o dia 27 de maio a PM e a PRF realizam uma operação conjunta, todas as madrugadas, para revistar carros e coibir assaltos na Ponte. Mas, na madrugada de ontem, a Polícia Rodoviária Federal não teria podido participar da ação.

– Vamos continuar com as operações. Mas, em ocasiões como essa, não podemos deslocar nosso efetivo e manter uma equipe na Alameda – disse o comandante.

O chefe de policiamento e fiscalização da 2 Delegacia da Polícia Rodoviária Federal, inspetor César Castro Jr., confirmou que a operação foi cancelada por conta de uma outra ação da PRF, mas não eximiu de culpa a PM:

– Eles deveriam chegar aqui às 3h e só apareceram uma hora depois, por isso nos$equipe foi deslocada.

Ao todo, cinco carros foram roubados pelos bandidos, e 12 pessoas foram roubadas no arrastão. Segundo testemunhas, oito bandidos que estavam numa Kombi branca abordaram motoristas no acesso da Alameda. Entre os carros roubados está um Vectra que presta serviço para o governo federal.

O advogado Amilar Vieira Filho, de 83 anos, foi morto na tarde desta quarta-feira no Elevado da Perimetral, na altura da Praça Mauá.

A vítima dirigia um Toyota Corolla quando foi baleada. Segundo testemunhas, três homens que ocupavam um Prisma desceram do carro para fazer um arrastão. Um motorista reagiu, fazendo um disparo, e um dos ladrões abriu fogo, atingindo Amilar no peito. Os bandidos fugiram. Ainda de acordo com testemunhas, parentes da vítima viram a ação dos bandidos.

Relembre outros assaltos nos acessos à Ponte

Este foi o terceiro arrastão feito por bandidos em menos de um mês nas rampas de acesso à Ponte Rio-Niterói. No final do mês passado, bandidos que estavam num Astra, num Monza e numa Palio Weekend roubaram um Siena prata na Alameda São Boaventura, em Niterói. O bando fugiu pela Ponte Rio-Niterói e abandonou o Astra no acesso à Avenida Brasil, fugindo nos demais carros. No dia seguinte, também na Alameda, homens fortemente armados roubaram motociclistas e fugiram pela Ponte, roubando um carro na descida da Avenida Brasil.

Assaltos na ponte ou nas rampas de acesso já surpreenderam outros motoristas. Às vésperas do caranaval 2007, criminosos se aproveitaram do trânsito lento causado pelo congestionamento nos acessos à Ponte Rio-Niterói. Um grupo de jovens abordou os veículos causando pânico entre as famílias que seguiam viagem. Equipes do Batalhão de Policiamento Rodoviário (BPRv) e até do Batalhão de Vias Especiais entraram em confronto com os criminosos. Houve troca de tiros. Os assaltantes fugiram em direção à favela Parque Alegria, mas ninguém foi preso.

Em dezembro de 2006, o repórter do Globo Online, Adriano Winkler, foi vítima da violência nas estradas do Rio. Nascido em Porto Alegre, na capital gaúcha, e residente no Rio há mais de 20 anos, ele se surpreendeu com a “habitual” violência carioca ao ser abordado por bandidos na descida da Ponte Rio-Niterói, antes mesmo de chegar à Avenida Brasil.

“Foi um dos momentos mais tensos pelos quais já passei. Tive três armas apontadas diretamente para minha cabeça. A única coisa em que pensava era em não fazer movimentos bruscos para evitar que os assaltantes disparassem contra mim. Pedi calma, levantei as mãos e retirei o cinto de segurança. Tive um pouco de dificuldade para abrir a porta, mas felizmente não sofri nenhuma agressão. Dois marginais entraram no meu carro e fugiram em alta velocidade em direção à Linha Vermelha”, relatou ele.