No dia em que representantes dos servidores da Polícia Militar do Rio Grande do Sul se reúnem com o governo do Estado para tentar pôr um fim na onda de protestos da categoria, novas manifestações atribuídas a policiais bloquearam rodovias gaúchas e uma importante avenida de Porto Alegre na madrugada desta quinta-feira.
Por volta das 2h, o Corpo de Bombeiros foi acionado para controlar um incêndio em uma pilha de pneus disposta sobre a avenida Mauá, no centro da capital gaúcha. De acordo com a Polícia Militar, a barricada provocou o bloqueio total da via, que foi prontamente liberada após a extinção do fogo. No local foram dispostos cartazes pedindo o reajuste salarial aos PMs gaúchos.
Pouco depois, por volta das 3h30, houve interrupção parcial da rodovia BR-472, em Uruguaiana. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os manifestantes atearam fogo em pneus e colocaram na pista uma faixa com os dizeres “por um salário digno”, acompanhado de um boneco vestido com uma farda semelhante à da PM. O local foi liberado às 4h15, após limpeza feita pelos bombeiros.
O Comando Rodoviário da PM também registrou protestos na ERS-401, em Charqueadas, e na RST-470, em Bento Gonçalves.
Escalada de tensão
Os protestos ocorrem no dia em que a Associação Beneficente Antônio Mendes Filho (Abamf), que representa os servidores de nível médio da PM, negocia um reajuste para a categoria. Ontem, em entrevista ao Terra, o presidente da Abamf, Leonel Lucas, disse que se o aumento pretendido pela categoria não for assegurado, os protestos fugirão do controle.
“Estamos preocupados com a situação. Caso o governador não garanta o aumento, poderá acontecer uma revolta maior. Espero que ele venha com uma boa proposta, pois durante a campanha eleitoral nos foi prometido um salário de R$ 3,2 mil até 2014”, disse Lucas. Um PM gaúcho recebe hoje R$ 1.170, o menor piso do País. A categoria quer reajuste escalonado, mas até o momento recebeu a oferta de apenas 4%. “Isso nós não aceitamos”, afirmou o presidente da associação.
O chefe da Casa Civil gaúcha, Carlos Pestana, garantiu que haverá negociação, mas ressaltou que definir uma proposta em meio a protestos poderia representar “um incentivo à prática”. “Não queremos passar a ideia de que esse tipo de protesto serve de elemento para definir o reajuste salarial. Do ponto de vista do governo, esse tipo de ação não ajuda. Acaba tirando legitimidade”, avaliou.
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