Prefeitos da Região Metropolitana de Campinas (RMC) querem a retirada dos atuais pedágios e a mudança daqueles que serão instalados no próximo ano para fora dos limites das 19 cidades da região. Para eles, as regiões metropolitanas deveriam ser consideradas como se o conjunto dos municípios fosse uma única cidade, uma vez que há intenso fluxo entre elas, trocas comerciais e populacionais e hoje, especialmente na RMC, uma grande quantidade de pessoas que moram em uma das cidades e trabalha em outra.
Embora admitam que a luta pela mudança é inglória, eles defendem a necessidade de um movimento contra a existência de praças de pedágio dentro da RMC. A região tem hoje sete pedágios em funcionamento e passará, a partir do próximo ano, com a ampliação do número de rodovias concessionadas, para 11. “Atualmente, Nova Odessa, Valinhos e Vinhedo se tornaram rota de fugas dos caminhões que circulam pela Via Anhangüera. Com mais pedágios no próximo ano, muitas outras cidades irão ter problemas com o aumento de trânsito em suas ruas”, afirmou o prefeito de Nova Odessa, Manoel Samartin (PDT). O repasse do Imposto Sobre Serviço (ISS) que as cidades em estradas pedagiadas recebem, afirmou, não compensa os transtornos que as praças causam.
O vice-prefeito de Paulínia, Jurandir Mattos (PMDB), afirmou que irá organizar um movimento com o prefeito Edson Moura (PMDB) e o prefeito eleito José Pavan Jr. para que o morador de Paulínia não seja obrigado a pagar pedágio para se deslocar da cidade. Com a concessão da SP-332 dentro do pacote do Corredor D. Pedro I, a cidade terá uma praça de pedágio no KM 129 e o morador pagará R$ 4,80 cada vez que passar por ela. Nessa mesma estrada haverá um pedágio em Engenheiro Coelho, no Km 162. “Vamos montar uma força-tarefa para que a cidade não sofra com a cobrança, criando um selo que beneficie os moradores com gratuidade”, afirmou. Para ele, os pedágios deveriam estar fora dos limites das regiões metropolitanas, que têm situações diferenciadas das demais cidades.
O presidente do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas e prefeito de Indaiatuba, José Onério da Silva (PDT), disse que é perfeitamente viável a liberação do pagamento de pedágios para os moradores da região que circulam entre as 19 cidades. “É uma região ampliada, mas que tem objetivos comuns, que estão bastante conurbadas, onde é comum um cidadão morar em um município e trabalhar em outro”, afirmou.
O prefeito de Monte Mor, Rodrigo Maia (PSDB), afirmou que a implantação do pedágio no Km 33 da SP-101, que liga Campinas a Tietê, é um mal necessário. “O que é preferível: uma estrada extremamente perigosa sem pedágio ou uma estrada segura com pedágio?”, perguntou.
A pista atual é simples, sem acostamento adequado, sem sinalização eficiente e sem segurança. O volume de tráfego é muito alto, o que tem levado motoristas a buscarem caminhos de fuga pela vicinal Monte Mor/Sumaré para transitar pelas rodovias Bandeirantes e Anhangüera. A “rodovia da morte”, como já foi chamada, armazena altos índices de acidentes fatais. Por isso, a duplicação, mesmo com pedágio, é uma obra muito esperada segundo o prefeito. Segundo ele, a cobrança pelo trânsito entre as cidades da RMC deveria ser repensada, buscando uma forma de liberar os moradores da região do pagamento.
A RMC tem atualmente pedágios na Rodovia Anhangüera (Nova Odessa e Valinhos) e Bandeirantes (Sumaré) e nas Rodovias Adhemar Pereira de Barros (Jaguariúna), Dom Pedro I (Itatiba, em sentido único), Santos Dumont (Indaiatuba) e Miguel Melhado Campos (Vinhedo). A partir do próximo ano, surgirão pedágios novas praças nos Kms 129 (Paulínia) e 162 (Engenheiro Coelho) da Rodovia General Milton Tavares de Souza (SP-332), enquanto as outras duas serão instaladas nos Kms 110+100 (Itatiba) da Dom Pedro I (SP 065) e 033 (Monte Mor) da Jornalista Francisco Aguirre Proença (SP-101).
Artesp descarta isenção para moradores
O diretor de investimentos da Artesp, Theodoro de Almeida Pupo Jr, informou ontem, na reunião dos prefeitos da RMC, em Nova Odessa, que a isenção do pagamento de pedágios para moradores que circulam entre os municípios da RMC é uma reivindicação sem chance de ser atendida. Ele explicou que uma atitude como essa obrigaria o governo a pagar as concessionárias para que o equilíbrio financeiro das empresas fosse mantido. Isso ocorre, segundo ele, com o desconto dado aos moradores de Jaguariúna que trafegam pela SP-340. Outras cidades, como Pedreira e Mogi Mirim, reivindicam a mesma conquista de Jaguariúna, mas não serão atendidas.
“Temos muita demanda por desconto e isenção de pedágio, mas nosso procedimento tem sido mostrar aos prefeitos as vantagens que a concessão das estradas traz para as cidades. Rodovias em bom estado são indutor de desenvolvimento econômico porque empresas que vão se instalar em alguma cidade levam em conta as condições das estradas que passam por ela”, afirmou.
Pupo Jr. informou que a política atual é cobrar pelo trecho percorrido o mais próximo que for possível. “Os prefeitos não devem se assustar com os pedágios porque quanto mais existir em uma estrada, menos pagarão aqueles percorrem pequenos trechos”.
Tramita na Assembléia Legislativa de São Paulo projeto de lei que prevê a proibição da instalação de praças de pedágios dentro de perímetros das regiões metropolitanas do Estado de São Paulo. A proposta é do atual vereador Petterson Prado (PPS), na época deputado estadual.