O estado de Minas Gerais tem a maior malha rodoviária federal do país. São 15 mil quilômetros, por onde circulam 200 mil veículos por dia. Entre eles, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal, estão ônibus de viagens, usados cada vez mais por passageiros para transportar pequenas quantidades de drogas. Em média, cada pessoa leva de dois a sete quilos de entorpecentes.

“Os traficantes tentam diminuir seu prejuízo com cargas menores e dificultar a fiscalização. Temos intensificado a fiscalização em algumas linhas de ônibus, que nós já sabemos que estão se tornando mais constantes, e também alguns veículos mais suspeitos”, explicou o inspetor Aristides Júnior, da PRF.

No ano passado, nas estradas mineiras, foram apreendidos 34 quilos de cocaína, 870% a mais que em 2005. A quantidade de maconha encontrada em 2006 foi de 356 quilos. Houve um crescimento de 283% na comparação com o dia anterior.

Droga escondida

As apreensões mostram que, normalmente, a droga vem escondida no corpo ou na bagagem de mão do passageiro. Quem transporta, na maioria das vezes, não tem antecedentes criminais. Segundo a polícia, os traficantes preferem usar mulheres grávidas ou acompanhadas de crianças e jovens, para não chamar a atenção. “A pena prevista é de cinco a 15 anos (de cadeia)”, afirmou o agente de polícia Rodrigo Cintra.

Segundo o juiz Edson Feital Leite, da 2ª Vara de Tóxicos de Belo Horizonte, aumentou o número de processos envolvendo quem transporta pouca droga. Essas pessoas são consideradas “alvo fácil” pela polícia. “São pessoas que a polícia, às vezes, só de olhar, já vê que estão nervosas com a situação, que demonstram que estão fazendo alguma coisa errada. Não são profissionais desta área. Então, elas são até mais fáceis de pegar do que realmente o traficante”, afirmou.