O número de motoristas embriagados presos pelos 1,2 mil policiais rodoviários estaduais do Rio Grande do Sul dobrou. No sábado, o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) efetuou a 107ª prisão de condutores alcoolizados este ano. Os 107 detidos por embriaguez representam um salto nas estatísticas. No ano passado, no mesmo período, os rodoviários prenderam 52 motoristas embriagados – aumento de 105%.
O caso mais recente foi de um comerciante de Capão da Canoa, que dirigia um Monza a mais de 100 km/h pela Estrada do Mar quando foi interceptado pelos agentes, no sábado. O motorista tentou fugir por uma estradinha secundária, mas acabou preso em flagrante. Em exame médico realizado numa clínica, foram constatados sinais de embriaguez. O condutor, que dirigia sem carteira, permaneceu preso e teve o carro apreendido. O comandante do CRBM, coronel Paulo Renato Biacchi, diz que um dos fatores decisivos para o número de detenções ter dobrado é a aprovação da Lei Federal 11.275, que vigora desde 8 de fevereiro.
A legislação estabelece que, caso o motorista se recuse a fazer teste do bafômetro ou de sangue, o juiz pode considerar como provas a palavra do policial que autuou o infrator e a de testemunhas. – Muitos infratores se recusavam a fazer exames médicos, escudados no direito constitucional de não produzir provas contra si mesmos. Agora, a palavra do policial e de testemunhas basta para efetivar a prisão do criminoso – pondera Biacchi. Agentes federais efetuaram menos detenções este ano.
Em Porto Alegre, o número de autuações por embriaguez se estabilizou (os funcionários municipais só aplicam multas, não prendem). Foram 37 casos de janeiro a julho deste ano, contra 35 no mesmo período do ano passado. Nem por isso a Empresa Pública de Transporte e Circulação deixa de elogiar a nova lei. – A força do testemunho desencoraja a mentira por parte do infrator – diz o diretor de Trânsito e Circulação da EPTC, José Wilmar Govinatzki.
Situação oposta acontece nas rodovias federais. Os 600 agentes da Polícia Rodoviária Federal no Estado prenderam 102 motoristas alcoolizados entre janeiro e junho deste ano, contra 135 no mesmo período do ano passado. Alguns agentes encaram de forma otimista esta redução: o temor dos motoristas com relação à nova lei é tamanho que preferem não cometer crimes.