Profissional de verdade usa o cinto de segurança

Pesquisa realizada pelo SOS Estradas com 1.000 caminhoneiros, em pontos de parada de rodovias localizadas nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, apurou que mais de 40% dos caminhoneiros não usam cinto de segurança.

O índice do uso do cinto por caminhoneiros é de 79% entre os profissionais empregados e apenas 44% entre os autônomos. A principal explicação para o índice de quase o dobro entre os caminhoneiros empregados é que o uso do cinto é exigido por muitas empresas. Já os autônomos, não são pressionados pelos donos da carga a fazê-lo, com raras exceções.

A pesquisa do SOS Estradas serve de base para o lançamento da campanha: “Profissional de verdade usa cinto de segurança”. Rodolfo Rizzotto, Coordenador do SOS Estradas, esclarece que o objetivo é conscientizar os caminhoneiros dos riscos que correm ao não usarem o cinto, assim como os demais condutores e passageiros. “No caso de colisão ou tombamento, aumenta em 30 vezes a possibilidade de ser projetado para fora do veículo e 4 vezes a possibilidade de óbito do caminhoneiro”, explica Rizzotto.

O perito em investigação de acidentes (sinistros) com veículos pesados, Rodrigo Kleinubing, explica que os caminhões têm o centro de gravidade mais alto e mais risco de tombamento ou capotamento. “A ejeção plena ou parcial do corpo dos ocupantes do caminhão diminui muito a chance de sobrevivência.”

METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia da pesquisa foi muito simples. Na medida em que os caminhões chegavam nos pontos de parada, portanto, ainda com o veículo em movimento, os pesquisadores assinalavam quem estava com o cinto afivelado e depois identificavam se era autônomo ou empregado. Foram visualizados 596 (59,6%) motoristas usando cinto de segurança contra 404 (40,4%) que não usavam.

Somente foram considerados válidos para a pesquisa os condutores que estavam em caminhões que era fácil visualizar o uso do cinto. Portanto, sem levar em consideração veículos com vidros escuros, onde a falta do uso do cinto costuma ser mais frequente.

Pela experiência dos colaboradores da pesquisa, que atendem diariamente aos caminhoneiros, foi possível estimar que do total de 1.000 caminhoneiros pesquisados, 554 (55,4%) dos motoristas eram autônomos e 446 (44,6%) empregados.

“É apenas uma primeira pesquisa, com metodologia bem simples, mas está muito próxima da realidade da estrada. Além disso, ao longo dos quase 20 anos de estudos realizados pelo SOS Estradas, temos identificado que a falta do uso do cinto é uma das maiores causas de morte de muitos caminhoneiros nos sinistros. Eram vidas que seriam salvas e foram perdidas porque o condutor ou passageiro estava sem o cinto”, explica Rizzotto.

No entender dos representantes do movimento, há muita desinformação e mitos equivocados sobre o uso de cinto entre os caminhoneiros. Inclusive, há quem acredite que no caso de incêndio do veículo, quem estiver sem cinto tem mais chances de escapar. Esquecem que sem o cinto, o mais provável é sofrer lesões graves ou ficar desacordado no choque com as partes internas do veículo e, consequentemente, não ter nenhuma reação em caso de incêndio ou queda na água.

Rizzotto explica ainda que o cinto pode ajudar a evitar um sinistro. “Basta observar que os pilotos de fórmula truck usam o equipamento porque sem ele não conseguiriam fazer manobras radicais. O mesmo princípio vale para o caminhoneiro que, às vezes, é obrigado a fazer uma manobra de emergência e, caso esteja sem o cinto, será jogado de um lado para o outro no veículo, perdendo completamente a condição de evitar o choque ou até tombamento”, acrescenta Rizzotto.

Infelizmente, existem milhares de vídeos postados por caminhoneiros que são também influenciadores, a maioria autônomos, dirigindo sem o cinto. Inclusive, alguns que afirmam abertamente que não usam cinto e postam vídeos com dezenas de milhares de visualizações comprovando essa prática.

“Nossa esperança é derrubar os vetos presidenciais ao PL130/20 que tem como objetivo justamente combater a veiculação desse tipo de comportamento e fake news. O cinto de segurança é a melhor “vacina” que existe para prevenir mortes no trânsito,” observa o Coordenador do SOS Estradas.

MATERIAL DA CAMPANHA É GRATUITO

A campanha será divulgada nas mídias sociais pelos parceiros do SOS Estradas, que são os pontos de parada nas rodovias, a Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros, a Fecombustíveis – que reúne postos rodoviários e urbanos -, a Trânsito Amigo – entidade de vítimas de trânsito -, além de todos os interessados em compartilhar esse conteúdo.

O material da campanha está disponível gratuitamente no SOS Estradas, onde qualquer interessado pode baixar o tipo de material do seu interesse: cartazes, faixas, folhetos, posts para mídias sociais.

Quem deseja apoiar a iniciativa, pode inclusive incluir sua logomarca, desde que envie cópia para o [email protected] informando como está divulgando e não exclua os apoiadores.

Desde março, o SOS Estradas está divulgando uma campanha por mês, focada principalmente no público usuário de rodovias. A primeira foi dedicada à fadiga, com o título: ‘Cansaço Mata’.

Rodolfo Rizzotto esclarece que as campanhas não se esgotam no mês da divulgação, mas que o material pode ser utilizado durante todo o ano pelos apoiadores, sem custo. “Basta entrar no site, identificar o material que deseja utilizar e avisar, caso pretenda aplicar a logomarca da sua empresa ou instituição. Quem apenas quer utilizar o material da campanha, sem acrescentar sua marca, pode fazê-lo sem a necessidade de entrar em contato com o portal.”