A Apae (Associação de Pais e Amigos dos Especiais) de Matão está desenvolvendo o projeto Companhia Cão em Ação, que promove atividades com cães para melhorar a comunicação, a socialização e a memória afetiva de pacientes com variadas necessidades educacionais especiais. Os animais auxiliam ainda nos exercícios de fisioterapia que contribuem para o fortalecimento físico dos alunos atendidos.

O projeto tem o apoio da concessionária Triângulo do Sol. “A Triângulo do Sol acreditou no potencial desse trabalho e, ciente da sua responsabilidade social, nos ajuda a proporcionar mais qualidade de vida a esses alunos especiais. A parceria viabiliza recursos para complementar a realização das atividades desenvolvidas”, afirma o diretor social da Apae de Matão, Rodrigo Pagliani Simonato.

Desde março, o projeto atende a 47 alunos entre 5 e 30 anos que não respondem às terapias convencionais ou que apresentam baixa auto-estima, falta de concentração ou hiperatividade. Esse tipo de tratamento já é utilizado nos Estados Unidos, Canadá e alguns países da Europa. No Brasil, apesar de não ser ainda difundido, já é possível comprovar a sua eficácia.

Os alunos são divididos em grupos de, no máximo, seis participantes, de acordo com a faixa etária e grau de deficiência. Os atendimentos são realizados uma vez por semana com a duração de duas horas. A interação com os cães estimula a ação psicomotora de acordo com as necessidades de cada aluno. Portadores de Autismo ou da Síndrome de Asperger, por exemplo, realizam atividades que mobilizam a atenção, a comunicação e o pensamento.

As sessões contam com a presença de quatro cães e são supervisionadas por profissionais da Apae (psicólogas, educadora física, fisioterapeuta e fonoaudióloga) e profissionais da área da saúde, avaliação, adestramento e manutenção dos animais (médico veterinário, adestradora e proprietária do canil).

Resultados animadores

Mesmo em poucas sessões – a nova terapia vem sendo aplicada há apenas três meses –, já surgiram resultados surpreendentes. Alunos com paralisia cerebral associada a alguma outra síndrome passaram a expressar-se verbalmente e usar expressões faciais e corporais com mais freqüência.

Já alunos com atrasos no desenvolvimento psicomotor (incluindo alguns portadores da Síndrome de Down) têm mostrado mais predisposição para a vida em grupo, recebendo estímulos que melhoraram seus hábitos de saúde, aprendizagem e socialização. Três alunos portadores da Síndrome de Asperger que apresentam forte ecolalia – eles repetem diversas vezes as instruções sobre as atividades –, passaram a desenvolver aspectos socioafetivos, característica rara nessa síndrome. Nas sessões, eles acabaram por associar o cão a vários objetos utilizados, não sendo necessário dizer novamente seus significados.

Os profissionais também perceberam um aumento significativo da auto-estima, da vontade em aprender e mudanças positivas no comportamento dos participantes. Os pais também passaram a se interessar pelo novo trabalho, notando a importância fundamental que os cães têm para a reabilitação dos filhos.

“As atividades com o cão funcionam como um espaço de expressão, mas também como um instrumento terapêutico, uma vez que os alunos exteriorizam seus sentimentos e pensamentos, quebrando o isolamento social, especialmente os alunos autistas. Temos percebido que os cães têm tido uma enorme influência positiva, pois alguns deles tornaram-se mais receptivos ao ambiente terapêutico”, afirma a psicóloga Cristiane Maria Zihany Pagliani.