Prestes a ganhar impulso para sair do papel, a RS-010, chamada de Via Leste, também trará à tona a polêmica da utilização de pedágios na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Na primeira quinzena de dezembro, o Conselho Gestor das Parcerias Público-Privadas (PPPs) promete um parecer sobre o projeto da rodovia, também chamada Rodovia do Progresso, mais uma alternativa à BR-116. Se a avaliação for positiva, em seguida será realizada a primeira audiência pública para definição do edital de licitação. A estimativa do Estado é começar as obras no segundo semestre de 2010.
Na construção, há previsão de implantação de quatro praças (sendo uma sem cobrança) na região, com tarifas em torno de R$ 1,80, segundo projeção inicial. A questão preocupa quem tem de trafegar diariamente pela BR-116.
Técnico de processos que trabalha em uma indústria em São Leopoldo, Rodrigo Machado, 36 anos, apesar de utililizar a BR-116 todos os dias em horários de baixo movimento, acredita que, se o valor do pedágio for baixo, o motorista deve pensar no custo-benefício.
– Com a estrada livre, se economiza em combustível e manutenção do veículo. Vale a pena pagar um pouco mais e ganhar tempo do que ficar naquele para e arranca – opina.
Morador do centro de Canoas, o autônomo Lorenzo Girondo, 63 anos, acredita que a via trará vantagens para quem mora no Vale do Sinos e tem de se deslocar à Capital. Para ir ao Litoral Norte, no entanto, diz que continuará utilizando a freeway.
– Para mim, não seria vantagem usar a nova rodovia, pois aumentaria o meu caminho para a praia – comenta.
Segurança, serviços de socorro e assistência estão entre as vantagens aos usuários na rodovia. O valor total do investimento na RS-010, com recursos públicos e privados, é estimado em R$ 802,5 milhões. A conclusão será feita em trechos no prazo máximo de sete anos. Ao final do período, permitirá uma interligação alternativa entre Porto Alegre e o Vale do Sinos.
– O projeto prevê a existência de pedágio para ser sustentado e oferecer serviços de primeira linha. A questão do valor está relacionada ao benefício que a estrada terá. O que se busca é um equilíbrio, uma coerência. Jamais será R$ 5, por exemplo – destaca o diretor do departamento de captação de recursos e preparação de projetos da Secretaria Estadual do Planejamento e Gestão, Charles Corrêa Schramm.
R$ 87,4 milhões devem ser gastos com desapropriações
Schramm diz que o Conselho das PPPs já está com o parecer desenhado e aguarda uma oportunidade para se reunir. A empresa Odebrecht apresentou o estudo de viabilidade à governadora Yeda Crusius em 13 de outubro.
Com 42 quilômetros, duas pistas de cada lado e velocidade projetada de 100 km/h, a RS-010 começará na BR-290, em Cachoeirinha, e seguirá até a RS-239 (veja mapa ao lado). A obra terá três lotes. Do total investido, R$ 87,4 milhões devem ser gastos com desapropriações.