Dois meses após a interdição de um trecho da CE-456, proprietários e motoristas de caminhões utilizados no transporte de passageiros, popularmente conhecidos como paus-de-arara, voltaram a bloquear o tráfego novamente naquela rodovia, no Sertão Central.
Eles protestavam contra o que consideram perseguição dos fiscais do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Dias antes, dois dos 12 veículos utilizados no transporte da população rural foram multados. Em protesto, resolveram fechar a ponte novamente.
No início da manhã, por volta das 6 horas, cinco paus-de-arara foram atravessados na CE. Os veículos foram estacionados sobre a ponte do Rio Choró, a pouco mais de 1 quilômetro do Centro da cidade. O tráfego só foi liberado por volta das 11h30, após a chegada de um representante oficial.
A Secretaria de Segurança encaminhou o diretor administrativo da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), major PM Chiappetta Teles, para o local. Ele tinha ordens para desbloquear a rodovia e em seguida dialogar com os manifestantes.
Diálogo
Os caminhoneiros retiraram seus veículos após promessa do oficial PM, de abrir um canal de diálogo direto com a superintendência do Detran. O prefeito de Choró, Antônio Mendes, mais conhecido por “Dé”, demonstrou solidariedade ao movimento. Por meio de seu gabinete, o major PM Chiappetta agendou encontro da categoria com o superintendente do Detran, João de Aguiar Pupo. O encontro foi marcado para as 16 horas da próxima quarta-feira, dia 9 de fevereiro.
Enquanto o representante do Estado não chegava, as filas de veículos aumentavam dos dois lados da rodovia. Para piorar a situação, uma caravana de romeiros foi obrigada a aguardar cinco horas até poderem seguir viagem. Eram 26 ônibus. Seguiam de Natal para Juazeiro do Norte.
No percurso estava programada a visita à Basílica de São Francisco, na cidade de Canindé. Não imaginavam enfrentar tamanho transtorno. Irritados, alguns motoristas fizeram o retorno. Preferiram utilizar outras malhas viárias a aguardar horas na fila.
Transtornos
Muitos passageiros do Rio Grande do Norte ficaram revoltados. Já tinham seguido cerca de 2 mil quilômetros após saírem de Natal. Foi uma noite de viagem na estrada. As crianças estavam enfadadas, e os mais velhos estressados. Alguns haviam até adoentado. Aguardar mais várias horas debaixo de sol quente era, no mínimo, em desrespeito aos viajantes, reclamava o presidente do Sindicato dos Agentes de Saúde do Rio Grande do Norte, José Salustino.
Deslocamento
A opinião do agricultor Antônio Soares Bezerra é bem diferente do sindicalista. “Se não fosse assim eles não mandavam alguém para conversar com os caminhoneiros”, justificava. Ele mora na localidade de Maravilha, a mais de 30 quilômetros da sede da cidade de Choró. Segundo o lavrador não fosse o pau-de-arara não teria como se deslocar de sua casa para a cidade, muito menos para o Município de Quixadá. Apenas veículos de grande porte conseguem vencer os obstáculos da estrada. No inverno, somente os caminhões.
Sem condução
O presidente da Associação dos Motoristas de Paus-de-arara de Choró, Milton Grangeiro Vieira, lamentou os transtornos causados aos passageiros, principalmente aos turistas, todavia, embora não represente toda a categoria, alegou não ser possível restringir o tráfego dos paus-de-arara somente na área do Município. A maioria dos usuários desse tipo de transporte é pobre. Não têm como pagar mais um transporte. “Além do mais, não existem lotações e muito menos ônibus para transportar todos. Não havendo solução a CE vai ser interditada novamente”, acrescentou.
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