Sete pessoas morreram e 31 acidentes foram registrados nas cinco rodovias federais que cortam Mato Grosso entre o dia 1º de junho até ontem em decorrência da fumaça que encobre as pistas e impede a visibilidade dos motoristas. Os dados são da Polícia Rodoviária Federal (PRF). No mesmo período do ano passado, duas pessoas perderam a vida nessas condições, o que representa um aumento significativo, de 250%.

Em relação ao número de acidentes de 2009 para cá, a quantidade oscilou muito pouco. Nas BRs 070, 158, 174, 364 e 163, a polícia rodoviária contabilizou 32 acidentes de junho até agosto de 2009. Neste ano, já são 31, sendo que o mês de agosto ainda não terminou. Todos provocados pela fumaça.

A BR-364 foi a rodovia mais violenta no trimestre analisado deste ano, com 10 registros de acidentes devido às queimas. Ano passado, a campeã em números de acidentes foi a BR-163, com 15 ocorrências.

O presente mês de agosto tem sido tranquilo até o momento. Apenas a BR-174 apresentou acidentes decorrentes da restrição de visibilidade: foram quatro no total e mais uma morte de passageiro. Para a PRF, o dado não impressiona. Ele apenas revela que muita área de pastagem já queimou anteriormente e, por isso, o índice de acidentes tem se mantido baixo.

Em entrevista ao Diário, o chefe do Núcleo de Acidentes da PRF, Alessandro Barbosa Dorileo, aponta os perigos da fumaça na pista. “Ela encobre tudo e não dá chances de visibilidade. Os sobreviventes desses acidentes disseram que ficaram perdidos em meio à fumaça e não sabiam o que fazer”.

A orientação da PRF é que o motorista que percorre uma rodovia toda encoberta de fumaça deve reduzir a velocidade e acionar o alerta do veículo. “O motorista não deve entrar de uma vez na fumaça. Ele deve reduzir a velocidade e tentar sair da rodovia”, sinaliza.

Mato Grosso dispara na frente quando o assunto é queimada. Imagens de todos os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelam um acumulado de 77.854 focos de calor de janeiro até ontem, a maior marca registrada entre todos os estados do país. No mesmo período de 2009, os satélites do instituto apontaram a ocorrência de 16.898 focos, um aumento aproximado de 400%. Parques, assentamentos e reservas indígenas ainda queimam. Estão envolvidos no combate direto ao fogo 536 homens de todos os órgãos ambientais de Mato Grosso. Até o Exército pretende reforçar o contingente em mais 50 homens.

PUNIÇÃO – Como a lei não tem impedido a ocorrência de queimadas, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) tem realizado fiscalizações em locais com maior ocorrência do problema. Em 21 municípios visitados, o órgão já lavrou 43 autos de infração, sete embargos, 19 notificações e 37 autos de inspeção em propriedades rurais irregulares. A fiscalização ainda apreendeu três tratores e outros três caminhões. Multas ainda estão sendo contabilizadas. Com umidade beirando níveis do deserto do Saara e altas temperaturas, os motoristas deverão redobrar atenção nas rodovias até setembro.