Após quatro mortes só neste mês na rodovia, o DER colocou em operação ontem aparelho para aferir a velocidade dos veículos
Em 12 horas de operação, o radar instalado no quilômetro 341 da rodovia Marechal Rondon, no trecho urbano de Bauru, aplicou entre 250 e 300 multas ontem. E ele fiscalizou apenas a faixa interna da via. Quando operava apenas em caráter educativo, o radar flagrava em média 500 irregularidades por dia, nas duas faixas da via. Só das 16h às 18h30 de ontem, mais de cem veículos foram flagrados a cima de 80 quilômetros por hora, limite máximo permitido no trecho urbano da Rondon.
Em abril, a velocidade permitida nos 14 quilômetros do trecho urbano da rodovia foi reduzido de 110 para 80 quilômetros por hora, depois de um acidente que matou um menino de 6 anos, que tentava atravessar a pista junto da mãe. Os moradores organizaram um protesto que terminou com repressão policial, mas que resultou na diminuição da velocidade máxima permitida. Ainda assim, na semana passada, dois homens morreram atropelados ao cruzar a Rondon, poucos metros adiante do acidente de abril.
O radar poderá estar localizado, variando a cada dia, nos quilômetros 341, 343 e 347 no sentido oeste e nos quilômetros 343 e 342, sentido leste, informa o Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Segundo dados do Batalhão de Policiamento Rodoviário, nos horários de pico de tráfego, que são das 7h às 8h30 e das 17h30 às 19h, chegam a passar 25 carros por minuto na rodovia. No restante do dia, a média é de 10 a 15 carros por minuto. Por causa do desnível do solo, o equipamento fiscalizou ontem apenas a faixa ao lado do canteiro central da Rondon, na pista no sentido Capital-Interior.
“O pessoal não respeita nem o radar. Em um ano morando aqui, já vi muito acidente feio”, conta Juverlei Carlos Afonso, proprietário de uma oficina ao lado da rodovia. Para ele, o dispositivo não vai causar tanto efeito. “Eles colocam um dia, no outro tiram. Para mim, tinha que colocar aqueles fixos”, sugere. O funcionário público estadual Cláudio Franco, 36 anos, concorda. “Com o radar fixo, o motorista diminui naquele pedaço. Mas mesmo assim, depois do radar, eles voltam a correr”, lamenta.
Durante o período que a reportagem esteve no local, um veículo foi flagrado passando a 91 quilômetros por hora. Apesar da infração, o trânsito parecia estar mais calmo, não apenas pela presença do radar, mas também por funcionários do DER, que limpavam os pedriscos e o asfalto queimado, resultados do acidente de sábado.
Ao lado da oficina de Afonso, está o acesso da rodovia para a avenida Cruzeiro do Sul, onde aconteceu o acidente que causou a morte de Valdir da Silva, 36 anos, e seu filho Guilherme Ribeiro Pinal da Silva, 12 anos. O caminhão de Silva bateu na traseira do veículo de Edson Gati, 52 anos, que transportava combustível. Houve uma explosão e o garoto foi retirado com as roupas em chamas. “Eu retirei o menino das chamas. Ele pedia para tirar o pai, mas não teve jeito”, lembra Afonso, que considerou o acidente, o mais trágico que já presenciou na rodovia.
Interdição
Hoje, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) vai interditar a faixa direita da rodovia Marechal Rondon, no sentido Capital-Interior, para a construção de uma passarela para travessia de pedestres. O trânsito será restringido do trevo da Eny até a Base do Policiamento Rodoviário.
A passarela foi uma reivindicação dos moradores do Jardim Nicéia, após a morte de um menino de 6 anos que tentou atravessar a rodovia junto da mãe. A obra foi anunciada pelo DER em maio, quando foram liberados R$ 150 mil para a construção. A passarela será metálica, com 58 metros de comprimento e será instalada no quilômetro 337,9 da rodovia. A expectativa é que a obra leve cerca de um mês para ser concluída.