Uma resolução em tramitação na Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) deve limitar a emissão de ruídos em estradas e rodovias do Estado de São Paulo. A proposta está em análise e a expectativa é de que seja publicada no Diário Oficial até o início do ano que vem.
O documento foi elaborado e discutido pela Câmara Técnica da Construção Civil. O grupo é formado por representantes de diversos órgãos públicos e empresas em geral, como Cetesb, Metrô, CPTM e Dersa. Também participa do grupo a ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias).
O engenheiro ambiental Eduardo Murgel, especialista em poluição sonora, representa a ABCR na Câmara Técnica e revela que o limite de ruídos nas estradas deve girar em torno de 60 decibéis para as vias já existentes e 65 para as que ainda serão construídas. “Não dá para ser um limite muito mais baixo, pois isso impediria o crescimento rodoviário no Estado”, avalia.
O engenheiro cita estudos que apontam que o barulho próximo às rodovias gira em torno de 75 decibéis.
Apesar dos altos índices de ruídos registrados nas beiras das rodovias, Murgel adverte que a exposição à poluição sonora é maior nas grandes avenidas – dentro dos municípios.
Segundo o especialista, o nível de ruído em uma via de pouco movimento, dentro de um bairro, é de aproximadamente 55 decibéis. Já em uma avenida de ligação entre bairros, geralmente atendida por linhas de ônibus, o índice sobe para 65 decibéis.
Em avenidas mais largas, com canteiro central, equipamentos captaram a exposição em 70 decibéis. Casos extremos são registrados em vias com grande fluxo de veículos, como as marginais dos rios Pinheiros e Tietê, em São Paulo, onde a poluição sonora medida na calçada ultrapassava 80 decibéis.
COMO DIMINUIR – O especialista revela algumas formas que podem ser adotadas pelas concessionárias para diminuir a poluição sonora. Uma das possibilidades é a construção de barreira acústica nas áreas próximas a comunidades residenciais. “A barreira não é mais complicada do que um muro. Pode ser feita em alvenaria, desde que tenha densidade suficiente.” Ele explica que a espessura ideal é entre 15 e 20 centímetros. Quanto mais alta for a construção, menor será o ruído.
Murgel aponta um fato curioso: o de que o tipo de pavimentação influencia o volume do barulho emitido. O piso de concreto, utilizado no Trecho Sul do Rodoanel, gera mais poluição sonora do que o asfalto. “Uma das fontes de ruído é o barulho do atrito entre o pneu e o concreto.”
De acordo com o engenheiro, o pavimento que mais contribui para evitar a poluição sonora é um tipo de asfalto chamado de CPA. “Ele emite menos ruído por ser rugoso. Os poros absorvem o som.”
SAÚDE – Além dos impactos na audição, o excesso de ruídos traz outros prejuízos à saúde. Murgel adverte que a poluição sonora pode gerar problemas como insônia, hipertensão, e até distúrbios digestivos.
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