Todos temos o costume de falar mal dos políticos. E, muitas vezes, com razão. Mas os políticos municipais, como representantes mais diretos do povo, têm grande utilidade. E, as vezes, cumprem bem o seu papel.

Exemplo disto foi o que aconteceu no caso da proposta de mudança do pedágio do Portão para a Conceição.

Se ela viesse a se concretizar, seria uma verdadeira “bomba” para os caienses. Os moradores de bairros e localidades como Conceição, São Martim, Areião e Campestre teriam de pagar pedágio para ir ao Caí.

Isto, além de pesar no bolso destas pessoas, prejudicaria o comércio
caiense, pois muita gente preferiria comprar no Portão ou São Leopoldo para não pagar o pedágio. O que provavelmente ia causar desemprego no comércio.

Felizmente, os políticos da região se mobilizaram. Destacaram-se aí o ex-prefeito de Feliz, Clóvis Assmann, que é presidente do Codevarc (Conselho de Desenvolvimento do Vale do Rio Caí) Clóvis Assmann e o futuro prefeito caiense, Darci Lauermann, diretamente interessado na questão.

Apoiados por outras lideranças da região, como César Assmann, de Feliz e Nestor Seibert, de Bom Princípio, desenvolveram várias ações, inclusive uma manifestação pública, abraçando o pedágio de Portão e interrompendo o trânsito por alguns minutos.

Mas o trabalho mais importante foi realizado junto aos deputados estaduais. Agindo em grupo ou isoladamente, Clóvis Assmann e Darci Lauermann falaram com dezenas de deputados de todos os partidos e conseguiram um apoio surpreendente. A ponto de que o governo do estado, para afastar a possibilidade de que o seu projeto de entregar diversas rodovias à empresas que cuidariam de mantê-las e melhorá-las, se viu obrigado a fazer concessões ao grupo político do Vale do Caí.

Conforme foi publicado pelo jornal Zero Hora na sua edição de ontem, já está quase certo que não haverá a instalação de uma praça de pedágio no bairro Conceição, sendo mantida a atual, no Portão. Além disto, o pedágio, ali, continuará sendo cobrado apenas num sentido (na Conceição deveria ser nos dois sentidos) e a tarifa deverá baixar de R$ 4,80 para R$ 4,40.

Menos mal. Mas isto ainda não compensaria as perdas que a região teria com a entrega do pedágio a uma empresa privada. Acontece que os recursos do pedágio de Portão são utilizados para a realização da duplicação da RS-122 (que ainda não está pronta) e outras obras na região.

Por isto os prefeitos do Vale do Caí estão formulando uma lista de obras para serem realizadas na região em troca da sua concordância com a mudança do pedágio de comunitário (modelo atual) para privado.

Entre estas deverão estar, além da conclusão da duplicação da RS-122 (com o contorno de Bom Princípio e a ponte sobre o arroio Forromeco, em São Vendelino), várias outras obras importantes.

Na manhã de ontem, Clóvis Assmann e vários prefeitos estiveram reunidos para formular a relação de obras e hoje pela manhã será realizada uma assembléia conjunta da AMVARC e do CODEVARC para definir melhor a proposta.

Entre as obras exigidas estariam o término do asfaltamento das estradas do Pareci Novo ao Caí, do Caí a São José do Hortêncio e de Feliz a Linha Nova. E também o asfaltamento das estradas que ligam o Caí a Capela de Santana (pelo Passo da Taquara, com seis quilômetros de extensão) e de Capela a Nova Santa Rita (a Transaçoriana, com 15 quilômetros). Está previsto, também o asfaltamento da ligação entre Harmonia e São José do Sul e a de Alto Feliz a Nova Milano.

Os prefeitos reunidos hoje devem definir precisamente outras obras a serem incluídas na negociação, como a construção de viadutos no acesso ao Caí (perto da ponte sobre o arroio Cadeia) e no entroncamento da RS-122 com a RS-452 (junto ao posto da Policia Rodoviária, em Bom Princípio). Além da conservação e melhorias na RS-452 e construção de acessos às ruas laterais de Feliz.

Também está prevista a duplicação da RS-240 do pedágio até Montenegro e dali até a rodovia Tabaí-Canoas.

Outra exigência é a de que a RS-122 passe a ter o mesmo padrão de qualidade das rodovias européias.

E mais: também será incluído no rol das exigências a restauração da navegação no rio Caí, com a reconstrução da barragem Rio Branco, em Pareci Novo, e a dragagem do rio.

Como a concessão do pedágio será por 20 anos, a empresa que receber esta concessão terá todo este período para a realização destas obras. Mas os prefeitos pretendem deixar um cronograma com datas determinadas para a conclusão de cada uma destas obras.